Guerra comercial entre China e EUA pode atrasar produção de armas ocidentais

China irá reforçar controle sobre exportação de metais de terras raras e ímãs em meio à disputa comercial com os Estados Unidos.

Empresas ocidentais temem que a nova disputa comercial entre EUA e China sobre metais de terras raras cause um caos nas cadeias de suprimentos e atrase a produção de armas, relatou o Financial Times na segunda-feira (13).

Em 9 de outubro, o gigante asiático anunciou controles mais rigorosos sobre a exportação de metais de terras raras e ímãs, essenciais para diversos setores da indústria norte-americana, em resposta ao regime de exportação dos EUA que nega às empresas chinesas o acesso a chips avançados.

Pequim, que controla a produção de metais de terras raras, abrangendo quase 90% da cadeia de suprimentos global e mais de 90% da produção de ímãs, exigirá que empresas estrangeiras obtenham licenças para exportar ímãs que contenham, mesmo que em pequenas quantidades, elementos de terras raras da China.

Também serão impostas restrições à troca de materiais ou informações técnicas com organizações estrangeiras.

No dia seguinte, em 10 de outubro, Donald Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 100% sobre as importações chinesas, agravando ainda mais o conflito comercial.

Setor de Defesa Ocidental em Perigo

Executivos da indústria de defesa e outros representantes do setor disseram ao Financial Times que os novos controles de Pequim poderiam prejudicar a produção de alguns componentes bélicos e elevar os preços apesar dos esforços recentes para estocá-los. Metais de terras raras são cruciais para diversas tecnologias usadas nos caças F-35, mísseis Tomahawk, sistemas de radar e drones.

A empresa americana de tecnologia ePropelled, que produz sistemas de propulsão para drones, observou que atrasos e potenciais aumentos de custos poderiam "levar a um retrabalho dispendioso e à busca por fontes alternativas".

A ASD, a entidade comercial europeia do setor aeroespacial e de defesa, disse que a situação "destaca a necessidade urgente de a Europa tornar suas cadeias de suprimentos mais resilientes e reduzir sua dependência de minerais essenciais".

Em busca de alternativas, grandes empresas do setor vêm acumulando reservas e buscando fontes alternativas de fornecimento há pelo menos dois anos. O grupo americano Northrop Grumman anunciou que aumentou "proativamente" suas compras e reservas de certos metais e elementos de terras raras.

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