Rússia desbanca EUA como principal fornecedor de nafta para Venezuela - Bloomberg

Fortalecimento de laços entre Moscou e Caracas ocorre em meio a sanções do Ocidente e restrições à Chevron.

A Rússia tornou-se o principal fornecedor de nafta para a Venezuela, superando os Estados Unidos, informou a Bloomberg na segunda-feira (13). A nafta é um derivado do petróleo, obtido em uma faixa de destilação próxima à da gasolina, amplamente utilizado na indústria química e essencial para a diluição do petróleo extrapesado venezuelano.

O aumento das remessas russas reflete o fortalecimento das relações comerciais entre Caracas e Moscou, impulsionadas por esforços conjuntos para contornar as sanções e bloqueios econômicos impostos por países ocidentais.

Segundo dados da empresa analítica Kpler publicados pela Bloomberg, a mudança no padrão de fornecimento começou a ser observada em março deste ano, quando as exportações norte-americanas começaram a desacelerar, ao mesmo tempo em que as entregas provenientes da Rússia aumentaram. Entre março e setembro, o volume russo chegou a cerca de 7 milhões de barris diários.

Tradicionalmente, os Estados Unidos eram os principais fornecedores de nafta para a Venezuela. No caso venezuelano, essa substância tem uma função estratégica: permite que o petróleo extrapesado extraído no país seja diluído e comercializado com parceiros como a China, que se tornou um dos principais destinos do petróleo venezuelano diante do cerco de Washington ao setor.

O relatório indica que essa reconfiguração no comércio de energia está diretamente ligada às sanções impostas pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que endureceu as restrições ao setor petrolífero venezuelano. Uma das medidas mais significativas foi a revogação de licenças operacionais limitadas que autorizavam a petrolífera norte-americana Chevron a atuar no país caribenho.

Durante aproximadamente 18 meses, essas permissões garantiram aos Estados Unidos o papel de fornecedor exclusivo de nafta à Venezuela. Com o encerramento desse arranjo, Caracas passou a intensificar suas relações com Moscou, que se posicionou como alternativa estratégica para manter o fluxo de insumos essenciais à sua indústria petrolífera.