
Tarifas de Trump sobre produtos chineses podem frear o Natal norte-americano

O novo pacote tarifário anunciado por Donald Trump promete elevar as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China e ameaça o consumo no período mais lucrativo do ano para o varejo americano: o Natal.
A medida, que aumenta em 100% as tarifas sobre produtos importados da China, deve entrar em vigor em 1º de novembro, às vésperas da temporada de compras de fim de ano.
Segundo análise publicada pela Reuters na última segunda-feira (13), a decisão marca uma nova escalada na guerra tarifária entre Washington e Pequim. Trump apresentou a medida como resposta a uma "postura extremamente hostil" da China, que anunciou controles mais rígidos sobre a exportação de terras raras — elementos essenciais na fabricação de baterias, chips e equipamentos eletrônicos.
Pequim determinou que empresas estrangeiras precisem de licenças especiais para importar compostos como neodímio, disprósio e térbio, além de baterias de alta densidade energética, medida que entra em vigor em 8 de novembro.

De acordo com dados do Instituto Peterson de Economia Internacional (Peterson Institute for International Economics, PIIE), a carga tarifária média sobre importações chinesas nos EUA era de 58%, enquanto as taxas impostas pela China aos produtos americanos somavam 33%.
Com o novo aumento, essa média deve saltar para cerca de 150%, o que pode pressionar custos, margens de lucro e o poder de compra dos consumidores.
Analistas ouvidos pela Reuters afirmam que o impacto pode ser severo para o varejo americano, atingindo eletrônicos, brinquedos, roupas e outros itens de consumo diário.
De acordo com a análise, empresas enfrentarão custos mais altos e incertezas no fornecimento, enquanto fabricantes chineses poderão ver remessas suspensas ou atrasadas. O reflexo mais imediato, porém, deve recair sobre o consumidor de baixa renda, que sentirá o aumento de preços nas prateleiras.
"A temporada de festas deste ano será um bom teste para as estratégias de diversificação que as empresas tentaram implementar nos últimos seis meses", afirmou Ram Reddy, diretor de tecnologia e chefe de varejo, ciências da vida e soluções empresariais da Nagarro à agência de notícias. Exportadores podem tentar antecipar embarques para evitar a tributação, mas correm o risco de serem taxados na chegada, avaliou.
As repercussões já chegaram ao mercado financeiro: ações de companhias como Abercrombie, Best Buy e Nike registraram queda após o anúncio. Segundo informações da emissora norte-americana CNBC, os mercados globais perderam cerca de 2 trilhões de dólares em 10 de outubro.
Uma publicação de Donald Trump nas redes sociais em 11 de outubro, na qual afirmou "não se preocupem com a China", pode ter amenizado parcialmente a reação negativa dos investidores.
