
Obesidade infantil também pode esconder casos de desnutrição, revela UNICEF

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) publicou, em setembro, o relatório anual de nutrição infantil e revelou que, pela primeira vez, o número de crianças e adolescentes obesos ultrapassou o número de desnutridos.
Embora pareça contraditório, o documento também revelou que a obesidade pode esconder deficiências nutricionais.

O excesso ou desequilíbrio nutricional pode gerar sinais de má nutrição infantil e afetar o crescimento, afirma o relatório. A nutrição inadequada, seja por insuficiência ou por excesso desequilibrado de alimentos, afeta a saúde e compromete o desenvolvimento.
"Quando falamos de desnutrição, não estamos mais falando apenas de crianças abaixo do peso", explicou Catherine Russell, diretora executiva da UNICEF.
Alguns fatores que favorecem a obesidade e a desnutrição foram listados:
- Consumo exagerado de ultraprocessados (biscoitos recheados, macarrão instantâneo, embutidos), ricos em calorias e pobres em micronutrientes;
- Alto consumo de açúcar e bebidas adoçadas (sucos artificiais, achocolatados), que agregam muitas calorias em pequenos volumes;
- Dieta escassa em alimentos naturais (frutas, verduras), que são fontes ricas em vitaminas, fibras, antioxidantes e proteínas de qualidade;
- Saltar refeições ou ficar longos períodos sem comer, gerando episódios de ingestão excessiva e rápida;
- Comer em frente a telas (TV, celular, tablet);
- Usar alimentos como recompensa, reforçando a alimentação por emoção.
Dentre as recomendações da UNICEF em larga escala, foram listadas medidas que visam transformar a oferta de alimentos para crianças e adolescentes, que vão de regulamentações comerciais e restrições de marketing ao fortalecimento de programas sociais e dos estudos de nutrição nas escolas.
As conquistas brasileiras no setor foram especificamente exaltadas no relatório, ressaltando a importância do Programa Nacional de Alimentação Escolar, do Plano Brasil sem Fome e da Cesta Básica de Alimentos, dentre outras medidas.
Como mudar hábitos e evitar impactos a longo prazo
O relatório ajuda a entender como o contexto social, econômico, cultural e ambiental molda hábitos alimentares e estilos de vida que podem favorecer a obesidade e a desnutrição.
O consumo de alimentos calóricos, açucarados, gordurosos e salgados dificulta o desenvolvimento saudável das crianças. Diante de uma realidade de fácil acesso a ultraprocessados, os estudos enfatizam a importância de uma alimentação mais saudável e equilibrada.
