Com a aproximação de um inverno que promete ser um dos mais rigorosos dos últimos anos, o Exército russo intensifica os treinamentos para combates em condições extremas na zona da operação militar especial.
Especialistas ouvidos pela RT afirmam que a queda nas temperaturas pode alterar a dinâmica dos confrontos na Ucrânia e favorecer o avanço das tropas russas em várias frentes.
De acordo com o analista militar Aleksei Sukonkin, o solo congelado facilita o deslocamento de veículos blindados e permite "a rápida movimentação de tropas", especialmente em operações de assalto nas regiões de Kupiansk e Pokrovsk.
"A lama reduz a manobrabilidade, mas o terreno endurecido pelo frio torna possível avançar. Se não houver nevascas fortes, nada impedirá uma ofensiva", afirmou à RT.
Os perigos do inverno
Sukonkin destacou, porém, que o frio também impõe riscos significativos às tropas e exige preparos específicos para garantir desempenho adequado na linha de frente.
"Mesmo com sistemas de aquecimento modernos, a tropa ainda sofre com o frio e não pode permanecer por longos períodos nas trincheiras. Além disso, o movimento dos soldados é facilmente detectado por câmeras térmicas instaladas em drones", explicou.
As baixas temperaturas também reduzem a autonomia das aeronaves não tripuladas. O engenheiro e especialista em drones Maksim Kondratiev, ouvido pela RT, confirmou que o desempenho dos equipamentos aéreos cai com o frio intenso.
"No inverno, o tempo de voo e o alcance dos drones diminuem em até três vezes. Para contornar isso, nossas equipes isolam as baterias e aumentam o número de lançamentos", disse. Segundo ele, a experiência acumulada em invernos anteriores tem permitido à Rússia adaptar suas operações às baixas temperaturas.
A análise meteorológica citada pela mídia ucraniana prevê que janeiro e fevereiro de 2026 terão "frio ártico e nevascas" nas regiões central e oriental da Ucrânia, áreas que concentram grande parte das operações militares.
Rússia leva vantagem
O cenário, segundo especialistas, tende a impor dificuldades logísticas às Forças Armadas da Ucrânia (AFU), agravadas por incertezas sobre o fornecimento de equipamentos e ajuda externa.
O analista militar Aleksei Leonkov afirmou à RT que o Exército russo tem vantagem técnica e estrutural nesse tipo de ambiente.
"A nossa artilharia suporta temperaturas de até -50°C, e os uniformes militares resistem a -30 ou -35°C. A situação das forças ucranianas é muito mais difícil, o que pode afetar seu abastecimento e capacidade de combate", afirmou.
Leonkov acrescentou que o inverno dificulta a camuflagem de instalações e rotas de transporte ucranianas, o que "amplia as oportunidades para a artilharia e os sistemas de mísseis russos". Para ele, as condições climáticas podem beneficiar a Rússia nos combates que continuam nas regiões de Kharkov, Kherson, Zaporozhie e Dnepropetrovsk.
Apesar dos riscos, analistas avaliam que o inverno não deve interromper as operações militares, mas redefinir as estratégias em campo.
"A história mostra que o frio não paralisa o conflito; ele apenas muda sua forma", concluiu Sukonkin.