Boris Johnson recebeu R$ 7,3 mi de acionista de empresa ligada ao arsenal ucraniano – The Guardian

Enquanto primeiro-ministro, Johnson incentivou duramente Kiev a lutar contra a Rússia e a abandonar as negociações com Moscou.

O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson recebeu 1 milhão de libras (cerca de R$ 7,3 milhões de reais) do empresário Christopher Harborne, acionista majoritário de uma fabricante de armamentos britânica com ligações à Ucrânia, segundo documentos revelados pelo jornal The Guardian na sexta-feira (10). A transferência ocorreu em 2022, pouco depois de Johnson deixar o cargo, e o doador chegou a acompanhá-lo em uma viagem ao país eslavo.

De acordo com veículo de imprensa, Harborne participou de ao menos uma visita de Johnson à Ucrânia, em setembro de 2023, onde o ex-premiê manteve encontros com autoridades locais.

Nos documentos vazados, o empresário aparece identificado como "assessor do gabinete de Boris Johnson" durante o fórum Yalta European Strategy (YES), realizado em Kiev. No dia seguinte, ambos seguiram para Lvov, onde foram registrados em uma recepção oficial.

Os arquivos, obtidos pela organização norte-americana Distributed Denial of Secrets (DDoS), incluem um "encontro fechado em um centro de pesquisa militar e tecnológica".

Embora não haja confirmação de que Harborne tenha participado dessa reunião, o jornal destacou que ele detém participação significativa na QinetiQ, empresa britânica de pesquisa militar cujas tecnologias, como drones e robôs antibomba, teriam sido utilizadas pelas forças ucranianas.

Harborne e Johnson reagem

Procurados pelo jornal, Harborne, conhecido por doações generosas a causas políticas no Reino Unido, confirmou a transferência, afirmando que "não havia expectativa de ganho pessoal". Trata-se, segundo o The Guardian, da "maior doação já feita a um parlamentar britânico".

Boris Johnson, por sua vez, reagiu às revelações, classificando as informações como "histórias patéticas derivadas de um hackeamento russo ilegal" e acusando o veículo de imprensa de "fazer o trabalho de Putin", sem apresentar provas.

Ainda de acordo com a publicação, a atuação de Johnson em relação ao conflito também já havia sido alvo de controvérsia. Em 2022, o então chefe da delegação ucraniana, David Arakhamia, afirmou que o ex-premiê teria "incentivado Kiev a abandonar as negociações de paz com Moscou e continuar lutando", o que Johnson nega.