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Em plena guerra em Gaza, países árabes realizaram exercícios conjuntos com Israel contra o Irã

As atividades teriam sido facilitadas pelo Comando Central dos EUA, segundo o jornal The Washington Post.
Em plena guerra em Gaza, países árabes realizaram exercícios conjuntos com Israel contra o IrãGettyimages.ru / Elke Scholiers

Militares israelenses e árabes participaram de reuniões e exercícios conjuntos, facilitados pelo Comando Central dos EUA (Centcom), para tratar de ameaças regionais, Irã e túneis subterrâneos, informou no sábado (11) o jornal The Washington Post.

Embora vários Estados árabes tenham condenado o conflito em Gaza, discretamente ampliaram sua cooperação em segurança com o Exército israelense. Nos últimos três anos, com apoio de Washington, altos comandos militares de Israel e seis países árabes se reuniram em Barém, Egito, Jordânia e Catar para planejar exercícios conjuntos, segundo documentos americanos vazados acessados pelo jornal.

O Catar é um dos países que fortaleceu os laços com Israel, recebendo oficiais israelenses e árabes em maio de 2024 na Base Aérea de Al Udeid, importante instalação militar dos EUA.

Os documentos mostram que a suposta ameaça iraniana foi o motor do estreitamento dos vínculos. Em um dos documentos, que inclui um mapa com mísseis sobre Gaza e Iêmen, lugares em que aliados iranianos possuem influência, Teerã e milícias aliadas chegam a ser classificadas como o "eixo do mal".

Os documentos indicam que a suposta "ameaça" iraniana foi o principal motor do estreitamento dos vínculos. Em um deles, que traz um mapa com mísseis sobre Gaza e Iêmen (regiões onde aliados iranianos têm influência), o Irã e suas milícias aliadas chegam a ser classificados como o "eixo do mal".

Cinco dos materiais acessados detalham a criação do "Consórcio de Segurança Regional", formado por Israel, Catar, Bahrein, Egito, Jordânia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, com Kuwait e Omã como "parceiros potenciais".

Esses cinco materiais, não classificados, foram compartilhados, em alguns casos, com a aliança de inteligência Cinco Olhos (Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e EUA), entre 2022 e 2025, antes e depois do início da guerra em Gaza, em outubro de 2023.

Operações de várias frentes contra Teerã

O Centcom também organizou reuniões para lançar operações de informação, com o objetivo de contestar a narrativa do Irã como protetor dos palestinos e promover a "cooperação e prosperidade regional".

Os documentos detalham um plano de defesa aérea contra mísseis e drones iranianos, que saiu da teoria para a prática nos últimos três anos. Israel e os países árabes assinaram o plano em 2022, coordenando exercícios militares e aquisição de equipamentos. Até 2024, o Centcom conectou vários parceiros aos sistemas americanos, permitindo troca de dados de radar e sensores.

Seis dos sete países parceiros recebiam imagens aéreas parciais da região, e dois compartilhavam dados de radar por meio de um esquadrão da Força Aérea dos EUA. Os parceiros também passaram a usar um sistema seguro de chat para se comunicarem entre si e com o Exército norte-americano.

Cooperação informal

Apesar de Catar e Arábia Saudita não manterem relações diplomáticas formais com Israel, os documentos revelam o papel estratégico de ambos na cooperação emergente. A conferência de maio de 2024, na base de Al Udeid, mostrou a ampliação das relações, com conversas bilaterais entre Israel e cada país árabe participante.

A Arábia Saudita teve papel ativo, compartilhando inteligência com Israel e os parceiros árabes. O Centcom planeja aprofundar os laços militares e de segurança entre Israel e os países árabes nos próximos anos.

Um documento de 2024 prevê a criação de um "Centro Cibernético Combinado do Oriente Médio" até 2026, voltado a exercícios de ciberdefesa, enquanto outro propõe um "Centro de Fusão de Informação" para planejar, executar e avaliar operações rapidamente no ambiente digital.