Kremlin comenta rumores sobre mísseis Tomahawk e bomba suja de Kiev: 'momento dramático'

O porta-voz Dmitry Peskov alertou para uma ''escalada de tensões em todas as partes'', mas afirmou que os mísseis não seriam capazes de mudar o cenário no front de batalha, que é favorável à Rússia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, revelou as preocupações de Moscou quanto à possibilidade de Washington fornecer a Kiev mísseis de cruzeiro de longo alcance Tomahawk. A declaração foi feita em entrevista ao jornalista russo Pavel Zarubin, publicada neste domingo (12).

"Vivemos agora um momento verdadeiramente dramático no que diz respeito à escalada de tensões em todas as partes", afirmou Peskov.

Ele afirmou que o Kremlin está acompanhando a situação de perto e que, embora o caso dos Tomahawk mereça atenção especial, o armamento não seria capaz de alterar o cenário no front de batalha, que é favorável à Rússia.

"Trata-se de uma arma especial — pode ser não nuclear, ou talvez nuclear. São armas potentes, de longo alcance. Mas, ao mesmo tempo, não têm capacidade de mudar a situação no front".

"O lado russo continua afirmando estar pronto para uma solução pacífica. Também ouvimos o presidente norte-americano, Donald Trump, falar constantemente sobre a necessidade de se sentar à mesa de negociações. Disso, concluímos que ele ainda mantém vontade política. No entanto, os europeus e o regime de Kiev mostram-se totalmente relutantes em avançar nesse sentido", acrescentou.

Peskov também abordou o tema de uma bomba suja que, segundo informações, Kiev estaria tentando desenvolver:

"Lembrem-se dos relatórios de nossos serviços de inteligência de um ano e meio ou dois anos atrás, sobre a possibilidade de os ucranianos fabricarem algum tipo de bomba suja. E imaginem: um míssil de longo alcance é lançado e sabemos que pode ter capacidade nuclear. O que deveria pensar a Federação Russa? É sério? Sem dúvida, os especialistas militares estrangeiros deveriam compreender isso", afirmou.

O que é uma bomba suja?

Relembre:

Anteriormente, o presidente russo Vladimir Putin alertou que o envio de mísseis Tomahawk à Ucrânia destruiria os avanços recentes nas relações entre Moscou e Washington, lembrandoo que seu uso exigiria participação direta dos militares dos EUA.

O vice-chanceler Sergey Ryabkov afirmou que a entrega representaria uma "mudança substancial", mas não alteraria os objetivos da operação militar russa, ressaltando que Moscou "não demonstra nervosismo" e segue avançando "com firmeza".

Já a porta-voz Maria Zakharova advertiu que a medida causaria "dano irreparável" às relações russo-americanas, justamente quando começavam a mostrar sinais de reaproximação.