No Tajiquistão, Putin dá conferência de imprensa sobre temas atuais

O presidente russo chegou a Dushanbe, capital do Tajiquistão, na quarta-feira, onde foi recebido pessoalmente pelo presidente tajique, Emomali Rahmon.

Em visita ao Tadjiquistão, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu conferência de imprensa nesta sexta-feira (10).

Durante o evento, Putin destacou a importância da Comunidade de Estados Independentes, que, segundo ele, preserva o código cultural único de seus povos membros e fortalece sua unidade ao promover cooperação em diversas áreas.

Ao comentar as declarações do vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Ryabkov, de que "o impulso de Anchorage se esgotou", o presidente observou que nem todos os detalhes do encontro com seu homólogo americano, Donald Trump, foram revelados.

"Simplesmente dizemos que, em geral, temos um entendimento por parte dos EUA e da Rússia sobre para onde devemos ir e o que devemos buscar para encerrar este conflito por meios pacíficos", afirmou. Ele acrescentou que essas são questões complexas que exigem uma análise mais aprofundada.

"Não mudamos nada por conta própria e acreditamos que é necessário um maior refinamento entre as duas partes. Mas, em geral, permanecemos dentro dos acordos do Alasca", afirmou.

Relações com o Azerbaijão

Ao abordar o estado atual das relações com o Azerbaijão, Putin afirmou que não classificaria a situação como "algum tipo de crise".

"Se tivesse sido uma crise nas relações interestatais, não teríamos visto crescimento nos laços comerciais e econômicos. Mas, apesar de tudo o que vimos e vivenciamos, o crescimento, e um crescimento significativo, continuou. Então, que tipo de crise nas relações interestatais é essa?", disse o presidente.

Putin sugeriu que provavelmente se tratava de "uma crise emocional".

"E está claro o porquê. Porque estávamos enfrentando um acontecimento muito difícil, um evento trágico: a perda de um avião e seus passageiros. Portanto, tivemos que abordá-lo com calma", explicou.

A Rússia precisou realizar exames técnicos complexos, localizar as caixas-pretas, reunir dados dos serviços de controle de tráfego aéreo e cruzar todas as informações, disse o líder russo.

"Ilham Aliyev e eu concordamos que a investigação seria conduzida objetivamente. [...] A investigação está quase concluída", continuou o presidente.

"Espero sinceramente que tenhamos virado a página e avancemos sem problemas, desenvolvendo nossos contatos e implementando os planos ambiciosos que ambos os países têm em logística, cooperação industrial e assuntos humanitários", afirmou.

Novas armas

Putin também anunciou que a Rússia está desenvolvendo novos armamentos. "[As armas] sobre as quais falei nos anos anteriores estão sendo desenvolvidas, estamos aperfeiçoando-as e acredito que em breve teremos a oportunidade de apresentar um relatório sobre as novas armas que anunciamos na época. Os testes estão sendo realizados e estão se mostrando bem-sucedidos."

Ele ressaltou ainda o caráter inovador dos componentes do sistema de dissuasão estratégica. "Repito, a novidade e a modernidade, como dizem os militares, estão em um nível altíssimo, e estamos mantendo-as", afirmou, referindo-se aos sistemas de mísseis intercontinentais.

Tomahawks

Questionado sobre como Moscou reagiria caso Washington decidisse fornecer mísseis Tomahawk a Kiev, Putin afirmou que a resposta seria "fortalecer o sistema de defesa aérea do país".

Prêmio Nobel da Paz 2025

O presidente russo disse que houve ocasiões em que o comitê concedeu o Prêmio Nobel da Paz a pessoas que nada fizeram pela paz.

"Na minha opinião, essas decisões causaram enormes danos ao prestígio deste prêmio", disse Putin na entrevista coletiva desta sexta-feira (10), no Tadjiquistão.

"Não cabe a mim decidir quem receberá o Prêmio Nobel", afirmou ao responder a perguntas de jornalistas sobre a expectativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de conquistar a honraria.

Ao ser questionado se Trump merecia o Nobel da Paz, Putin respondeu: "Não sei. Mas ele está realmente fazendo muito para resolver crises tão complexas que já duram há anos, até décadas".

Ele afirmou ter "certeza" de que o presidente norte-americano está despendendo um esforço sincero para resolver o conflito ucraniano. "Algumas coisas correram bem, outras não, mas talvez muito mais possa ser alcançado com base nos acordos e negociações realizados em Anchorage", enfatizou Putin, referindo-se à reunião que manteve com seu homólogo americano no Alasca em 15 de agosto.

"Sem dúvida, ele está se esforçando e trabalhando nessas questões para alcançar a paz e resolver situações internacionais complexas", acrescentou.

Putin chegou a Dushanbe, capital do Tadjiquistão, na quarta-feira, e foi recebido pessoalmente pelo presidente tajique, Emomali Rahmon. Os dois líderes trocaram apertos de mão e abraços protocolares.

A delegação russa inclui os vice-primeiros-ministros Alexei Overchuk e Marat Khusnullin, além do ministro da Defesa, Andrey Belousov; do ministro do Interior, Vladimir Kolokoltsev; do ministro das Finanças, Anton Siluanov; do ministro do Desenvolvimento Econômico, Maxim Reshetnikov; do ministro da Indústria e Comércio, Anton Alikhanov; e do CEO da Rosatom, Alexei Likhachev.

Durante reunião bilateral com Rahmon, Putin afirmou que o Tadjiquistão é um aliado confiável da Rússia, especialmente nas áreas de segurança e defesa. Disse ainda que Moscou valoriza as relações com Dushanbe e cumpre seus compromissos.

"Cumprimos todos os acordos, todos os nossos objetivos fundamentais, já estabelecidos no Tratado de Amizade de 1993. As relações estão se desenvolvendo muito positivamente, e em todas as áreas: as relações comerciais e econômicas estão se desenvolvendo em um bom ritmo", afirmou Putin.

O presidente russo também agradeceu a Rahmon pelo interesse do Tadjiquistão na língua russa. "No campo da cooperação humanitária, gostaria de agradecer especialmente por seu grande interesse pela cultura e língua russas", disse Putin, destacando a colaboração entre os dois países na área da educação.