Satélites Starlink, operados pela SpaceX de Elon Musk, têm reentrado na atmosfera terrestre com frequência cada vez maior.
O astrônomo Jonathan McDowell, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, indicou em entrevista à EarthSky na quinta-feira (9) que entre um e dois satélites da empresa retornam à Terra todos os dias.
O número deve subir para até cinco por dia nos próximos anos, destacou o astrônomo, conforme a empresa norte-americana amplia sua rede de internet via satélite em órbita baixa.
Os equipamentos liberam metais e compostos na estratosfera, como partículas de óxido de alumínio. Como lembra o site especializado Futurism, estudos preliminares indicam que essas emissões podem contribuir para o aquecimento da atmosfera e afetar a camada de ozônio, embora o alcance desse impacto ainda seja incerto.
"Até agora, as respostas variam de 'isso é pequeno demais para ser um problema' a 'já estamos ferrados'", declarou McDowell. "A incerteza é grande o suficiente para que exista, sim, a possibilidade de estarmos danificando a atmosfera superior", prosseguiu.
Um relatório da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) publicado em 2023, estima que, até 2035, 28 mil fragmentos de satélites Starlink poderão sobreviver à reentrada anualmente. O número eleva a chance de alguém ser atingido por detritos espaciais para 61% por ano, uma probabilidade antes considerada impensável.
Os satélites Starlink operam em órbitas mais baixas para garantir uma reentrada rápida e reduzir o risco de detritos permanentes. Isso significa que sua vida útil média é de cerca de cinco anos, exigindo um ciclo constante de substituição. Cálculos sugerem que, com cerca de 15 mil satélites em operação, até oito poderão ser desativados e queimados na atmosfera por dia nos próximos anos.
Para o público, o espetáculo pode parecer belo, como trilhas luminosas cortando o céu noturno, porém especialistas alertam que a Terra pode estar pagando um preço ambiental e de segurança pelo avanço da conectividade global. "Até agora tivemos sorte, e isso não vai durar para sempre", destacou McDowell.