O Ministério das Relações Exteriores da Rússia publicou na última quinta-feira (2) um documento tratando das ações dos governos da Itália, Alemanha e Japão, ex-integrantes do Eixo, na "destruição e falsificação da história, na justificação do fascismo e seus cúmplices".
Nas mais de cem páginas, são reveladas "tentativas perigosas de alterar, destruir e reescrever a história da Segunda Guerra Mundial, revisar seus resultados, inocentar criminosos de guerra e glorificar colaboradores nazistas".
"Em vários países, os crimes do hitlerismo são deliberadamente silenciados, e a glorificação do nazismo chega ao nível de política estatal", lê-se em trecho do texto.
A publicação classifica como "preocupante" que as ações estejam acontecendo principalmente na Alemanha, na Itália e no Japão, e afirma que nesses países existem "tentativas de reformar a consciência pública, apagar a memória histórica, apoiar movimentos neopagãos e satanistas, e enfraquecer a Ortodoxia canônica".
Em um resgate histórico, o documento pontua que "o antídoto contra o nazismo, desenvolvido pelo Tribunal de Nuremberg, se torna ineficaz em vários países europeus", já que os três países "destroem e falsificam a história, justificam o fascismo e seus cúmplices, minimizam o papel da União Soviética na Vitória e dificultam a celebração do 9 de maio".
A chancelaria observa ainda que, desde 2022, Alemanha, Itália e Japão têm votado, por três anos seguidos, contra a resolução da ONU que condena a glorificação do nazismo e práticas associadas, proposta anualmente pela Rússia. É a primeira vez na história que países que integraram a coalizão de Hitler se opõem abertamente a um documento desse tipo.
As medidas em cada país mencionado
- Na Alemanha, existem manipulações midiáticas sobre a ideia de uma "ameaça russa" e um suposto conflito direto iminente, falsificação da memória histórica do povo soviético, minimização da vitória e a banalização das vítimas soviéticas no holocausto.
- No Japão, o documento aponta para narrativas falsas sobre eventos do século XX, negação dos crimes do expansionismo militar japonês e questionamentos sobre ações soviéticas como a entrada na guerra contra Tóquio em 1945 e a ocupação das Ilhas Curilas do Sul, região do extremo-oriente russo brutalmente afetada por ações japonesas.
- Já sobre a Itália, o texto aponta para a "tolerância crescente" à apologia do fascismo e cita a glorificação por parte de figuras públicas a líderes fascistas, inclusive com a exibição de símbolos.
Como resultado de uma análise sobre todos os atos cometidos atualmente por governos ocidentais, o relatório diz que "décadas após a Segunda Guerra, elites políticas negam gradualmente seus resultados, afastam-se da política de desnazificação e reabilitam o nazismo, engajando-se em revanchismo histórico".
Nesse contexto, acrescenta-se ainda que os "processos ideológicos preocupantes" no Ocidente demonstram desrespeito aos compromissos assumidos com a Organização das Nações Unidas (ONU), criada após o fim do conflito bélico.
Entenda mais sobre como URSS libertou Europa do nazismo e como o Ocidente tenta reescrever a história em nosso artigo.