O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista ao programa 'Bom Dia, Ministro' nesta terça-feira (7) que as tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros têm prejudicado a população americana.
"De dois meses para cá, as medidas mais prejudicaram do que favoreceram os Estados Unidos", disse o ministro, destacando que produtos essenciais, como o café, item em que os EUA dependem do Brasil para garantir preços mais baixos, ficaram mais caros.
Haddad explicou que o governo brasileiro pretende levar esses argumentos às autoridades norte-americanas nas próximas conversas bilaterais, mostrando os impactos negativos do tarifaço sobre a economia dos Estados Unidos.
"O papel do Ministério da Fazenda e do Ministério do Desenvolvimento [Indústria, Comércio e Serviços - MDIC] é justamente oferecer os melhores argumentos econômicos para mostrar, inclusive, que o povo dos Estados Unidos está sofrendo com o tarifaço. Eles estão com o café da manhã mais caro, eles estão pagando o café mais caro, eles estão pagando a carne mais cara, eles vão deixar de ter acesso a produtos brasileiros de alta qualidade no campo, também, da indústria", afirmou o ministro.
"Expectativas" de um encontro
Segundo Haddad, "há uma expectativa de algumas conversas bilaterais" com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, que devem ocorrer entre 13 e 17 de outubro, período em que o ministro estará em Washington D.C. para participar dos encontros do G20, do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que reúnem ministros das Finanças de diversos países.
"Há uma expectativa de algumas conversas bilaterais. Com essa aproximação, (…) pode ser que encontremos espaço para uma nova conversa com Scott Bessent. Não sei se vai acontecer, até porque estou numa agenda doméstica bastante intensa", disse Haddad, acrescentando que vai procurar se informar sobre a disponibilidade de Bessent para um diálogo.
"Nós vamos nos acertar"
O ministro demonstrou confiança em um acordo entre os governos de Brasil e Estados Unidos para reverter as tarifas, após o telefonema "em tom amistoso" entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu homólogo, Donald Trump, na segunda-feira (7). Haddad destacou que há uma "determinação dos dois presidentes" para chegar a um consenso.
"Nós vamos nos acertar porque a determinação dos dois presidentes é de virar essa página equivocada, na minha opinião, que marcou os últimos dois meses aí da relação entre os países. Na nossa opinião, uma coisa que realmente não faz sentido. Eu acredito que vai distensionar e vai abrir um espaço para uma conversa franca e produtiva", completou.