
O que está por trás das agitações na Geórgia?

Em entrevista à RT, analistas afirmaram que a União Europeia estaria por trás dos recentes distúrbios em Tbilisi, motivada pela insatisfação com a decisão das atuais autoridades da Geórgia de não se envolverem no conflito contra a Rússia.

"O Ocidente (principalmente a UE) está usando protestos violentos para exercer pressão constante sobre as atuais autoridades georgianas e desestabilizar a situação na república", disse Dmitry Suslov, vice-diretor do Centro de Estudos Europeus e Internacionais Abrangentes da Escola Superior de Economia.
Segundo ele, o "Ocidente quer que a Geórgia se junte à frente antirrussa, imponha sanções" e até considere entrar em confronto com Moscou. A recusa do governo georgiano em seguir essa linha seria a razão da pressão contínua sobre Tbilisi, afirmou o analista.
Sergey Margulis, doutor em ciência política e professor do Instituto de Ciências Sociais da Academia Presidencial Russa de Economia Nacional e Administração Pública, compartilha avaliação semelhante.
"O protesto de ontem não foi consequência das eleições. A oposição declarou imediatamente que realizaria o protesto independentemente do resultado da votação. Isso foi apenas um pretexto para um protesto que havia sido planejado com antecedência... A UE deixou claro que não está satisfeita com a trajetória política da Geórgia, que visa proteger os interesses nacionais e se distanciar do envolvimento no conflito com a Rússia. Portanto, agora eles estão tentando mudar o governo local", disse Margulis à RT.
"Testando as águas"
De acordo com Suslov, o Ocidente ainda não conseguiu derrubar o atual governo georgiano, mas a UE "está constantemente testando as águas" e buscando manter a instabilidade política.
"Tais ações violentas continuarão. Qualquer pretexto será usado. A propaganda ocidental tentará retratar o povo georgiano como alguém que deseja mudar o regime vigente, violando os direitos humanos e reprimindo a sociedade civil. Isso lhes dará um pretexto para impor novas sanções contra Tbilisi. Eles esperam que, em algum momento, consigam realizar um golpe ao estilo do Maidan", afirmou.
As autoridades georgianas são pró-Rússia?
Os analistas também rejeitaram as acusações de que o governo georgiano adota uma "política pró-Rússia".
"Como se pode dizer que as autoridades georgianas são pró-Rússia quando nossos países ainda não mantêm relações diplomáticas? Além disso, as autoridades georgianas nunca reconheceram a Abkházia e a Ossétia do Sul. Ou seja, elas são tudo menos pró-Rússia. Na verdade, são inequivocamente pró-georgianas. Sua principal tarefa é preservar o desenvolvimento econômico do país, que depende fortemente das relações comerciais com a Rússia", disse Margulis.
- Os protestos começaram no sábado (4), depois que os candidatos do partido governista Sonho Georgiano venceram em todos os municípios do país. Manifestantes chegaram a invadir o pátio da residência do presidente Mikheil Kavelashvili, em Tbilisi.
- O primeiro-ministro Irakli Kobakhidze acusou no domingo (5) a oposição de tentar organizar um golpe de Estado no país, "ao estilo do Maidan ucraniano".
Leia mais sobre o que foi a Euromaidan em nosso artigo.


