
Por que esse novo membro da OTAN abriu um quartel-general a 300 km de São Petersburgo?

O especialista russo Oleg Nemensky, do Instituto Russo de Estudos Estratégicos, afirma que a criação do Comando Conjunto de Componentes Terrestres Noroeste (MCLCC) na Finlândia reflete o desejo de militarizar o território.

Para Nemensky, "a Finlândia seria uma das principais vítimas em um conflito hipotético" e sua liderança segue cegamente as agendas das elites euro-atlânticas.
Em resposta, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante o Fórum Valdai, disse que Moscou não tinha litígios com Finlândia ou Suécia antes da adesão delas à OTAN, mas que a instalação de bases exigirá reação. "Não tínhamos forças armadas nessa parte da Rússia — agora teremos. Seremos obrigados a criar um distrito militar separado", afirmou.
Alexei Mukhin, do Centro de Informação Política, reforça a posição russa: a criação do MCLCC eleva tensões e transforma a Finlândia em possível alvo. "Isso é um prenúncio do aumento da atividade da OTAN na região. A Finlândia foi incluída na Aliança para servir como instrumento de pressão sobre Moscou", disse.
Resposta a uma "ameaça de longo prazo"
O ministro da Defesa da Finlândia, Antti Häkkänen, defende o novo comando como resposta a uma "ameaça de longo prazo" e afirma que o objetivo é fortalecer a segurança regional. "Temos um desafio significativo pela frente.
Em resposta à situação de segurança internacional, estamos renovando e reforçando a OTAN com uma força sem precedentes", disse ele.
A cerimônia de inauguração do MCLCC ocorreu em 3 de outubro, em Mikkeli, reunindo autoridades militares e civis. Häkkänen destacou que, em tempos de paz, o comando atuará no planejamento e treinamento conjuntos; em crise, coordenará operações terrestres e defesa da região. Segundo ele, o projeto é de grande envergadura até para os padrões da aliança militar.
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