Método criado por universidade pública detecta metanol em bebidas alcoólicas em poucos minutos

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) desenvolveu uma tecnologia que promete revolucionar o controle de qualidade de bebidas alcoólicas no Brasil.
Em entrevista à Rede Globo, exibida na sexta-feira (3), os cientistas apresentaram um método capaz de identificar em poucos minutos a contaminação por metanol, uma substância tóxica frequentemente associada à adulteração de destilados.
Sem a necessidade de abrir a garrafa ou utilizar reagentes químicos, o equipamento criado em Campina Grande utiliza luz infravermelha para realizar a leitura da bebida.
A técnica funciona a partir da vibração das moléculas provocada pela luz. Um software analisa as informações captadas e identifica compostos não previstos na composição original, como o metanol ou a adição de água com o objetivo de diluir o conteúdo.
"Essa metodologia foi capaz de, além de identificar se a cachaça estava adulterada com compostos que são característicos da própria produção, ou se foi feita alguma alteração fraudulenta como água ou algum outro composto", explicou David Fernandes, um dos responsáveis pelo estudo e autor do artigo científico que descreve a inovação.
Com taxa de acerto de até 97%, o método já resultou na publicação de dois artigos na revista Food Chemistry, referência internacional nas áreas de química e bioquímica de alimentos.
A pesquisa teve início em 2023, com foco na análise da cachaça, mas os pesquisadores afirmam que a aplicação pode ser estendida para diversos tipos de destilados.
Além da detecção via equipamento, os pesquisadores estão desenvolvendo uma segunda solução de baixo custo voltada ao consumidor final: um canudo que muda de cor ao entrar em contato com o metanol.
"A gente está desenvolvendo uma solução em que vai ter um canudo impregnado com a substância química, que ao contato com o metanol, ela vai mudar de cor. Isso vai fazer com que o usuário também tenha uma segurança de, quando estiver consumindo a bebida, de que a bebida não tem o teor de metanol", explicou Nadja Oliveira, pró-reitora de pós-graduação da UEPB.
O próximo passo da equipe é viabilizar a produção em escala do equipamento, para que ele possa ser utilizado por órgãos reguladores e laboratórios de controle de qualidade em todo o país. O avanço representa uma alternativa acessível e eficiente para combater práticas de adulteração que colocam em risco a saúde dos consumidores.
