Crime organizado está por trás de bebidas com metanol, diz Associação de Combate à Falsificação

Diretor afirma que insumo ilegal chegou a fábricas clandestinas após operação contra fraude em combustíveis.

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) afirmou que a contaminação de metanol em bebidas adulteradas no estado de São Paulo tem ligação com o crime organizado.

Em declaração, o diretor da ABCF, Rodolpho Ramazzini, disse que organizações criminosas estão "desovando" a substância importada ilegalmente após produtoras de combustível irregulares serem alvo da Operação Carbono Oculto, o que as impediu de funcionar.

Em 28 de agosto, durante uma força-tarefa conjunta do Ministério Público de São Paulo com Ministério Público Federal e as Polícias Federal, Civil e Militar, uma rede que adulterava combustíveis e lavava dinheiro foi identificada. Todos os alvos da operação são investigados por fraudes fiscais, ambientais e econômicas.  

"Eles [criminosos] estão envolvidos diretamente na falsificação de bebidas", afirmou Ramazzini, pontuando que o metanol chegou até as fábricas clandestinas e causaram o "grave problema de saúde pública que estamos enfrentando".

Rastreabilidade da produção evitaria fraudes

Ramazzini disse ainda que a associação vem alertando sobre o tema "há muito tempo" e defende a retomada da "rastreabilidade no setor de bebidas, dos mecanismos e ferramentas de controle da produção", para que seja possível diferenciar o produto original do falsificado, "tanto para as autoridades quanto para os consumidores poderem estar atentos".

Ainda na declaração, o diretor pontuou que o mercado de bebidas falsificadas continuará crescendo enquanto a sonegação fiscal e a lavagem de dinheiro não foram combatidas de forma eficaz.

"A única maneira de dar um golpe forte no crime e acabar com a facilidade dos criminosos em obter insumos para falsificar bebidas é retomando a rastreabilidade", afirmou.

Sobre os casos de intoxicação no Brasil, Ramazzini declarou que a perda de vidas humanas é a face mais dura do mercado ilegal.

"A lei precisa voltar a ser cumprida, pois o que está acontecendo agora, é a face mais dura e nociva do mercado ilegal, da indústria da falsificação, do crime organizado, que é a perda de vidas humanas, por ganância de uns e inação de outros", afirmou.

A ABCF informou que entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025, foram realizadas 1.587 operações das Polícias Civil, Federal, Rodoviária Federal e da Receita Federal, contando com o apoio da ABCF, ou com denúncias provenientes da associação.

As falsificações, o contrabando e a pirataria geram um prejuízo de aproximadamente R$ 471 bilhões por ano ao país em perdas de arrecadação tributária e perdas de faturamento das indústrias legalmente estabelecidas.