Pela primeira vez em mais de 20 anos, a China não comprou soja da safra de outono dos Estados Unidos, informou a agência Reuters nesta sexta-feira (3). Sem o principal cliente, que no ano passado respondeu por 45% das exportações americanas, agricultores têm sido obrigados a armazenar grãos enquanto aguardam por preços melhores.
A guerra comercial entre Washington e Pequim encareceu a soja americana, levando importadores chineses a preferirem fornecedores da América do Sul. O impasse derrubou as exportações dos EUA em 39% no volume e 51% no valor entre janeiro e julho, segundo dados oficiais.
No estado de Illinois, maior produtor e exportador do país, produtores enfrentam perdas estimadas em até R$360 por acre, de acordo com cálculos da Universidade de Illinois.
"A frustração é enorme", disse Caleb Ragland, fazendeiro de Kentucky e presidente da American Soybean Association.
Para tentar reduzir os prejuízos, representantes do setor e do governo norte-americano têm buscado abrir mercados alternativos. Missões comerciais foram realizadas para países como Vietnã, Nigéria e Bangladesh. Ainda assim, o volume negociado com esses destinos é considerado pequeno diante da demanda chinesa.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que o governo anunciará na próxima semana medidas de apoio aos agricultores. Já o presidente Donald Trump declarou em rede social que a soja será um dos temas centrais em sua próxima reunião com o líder chinês Xi Jinping.
Com mais de 1,4 bilhão de habitantes e o maior rebanho de suínos do mundo, a China continua sendo vista como insubstituível no mercado global de soja, respondendo por mais de 60% das importações mundiais nos últimos cinco anos.