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Caracas denuncia ao Conselho de Segurança da ONU o sobrevoo de aviões de combate dos EUA

O ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, esclareceu os detalhes de uma ação que foi considerada uma "provocação".
Caracas denuncia ao Conselho de Segurança da ONU o sobrevoo de aviões de combate dos EUAAP / Charly Triballeau

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, denunciou nesta sexta-feira (3) o sobrevoo de aviões de combate dos EUA por meio de uma comunicação apresentada ao embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzya, que preside o Conselho de Segurança.

No documento, apresentado por meio do embaixador alternativo na ONU, Joaquín Pérez, Caracas denuncia "a incursão ilegal de aviões de combate norte-americanos em 2 de outubro", a aproximadamente 75 quilômetros de suas costas.

"Este ato não só representa uma ameaça à nossa soberania nacional, mas também viola as normas do direito internacional e a Convenção de Chicago sobre Aviação Civil Internacional. Esta grave situação se soma à crescente militarização do Caribe, que constitui um claro hostilidade contra a Venezuela", destacou Gil em suas redes sociais.

No dia anterior, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, denunciou o sobrevoo de pelo menos cinco aviões de guerra americanos do tipo F-35 frente à costa venezuelana. "Estamos observando, quero que saibam. E quero que saibam que isso não nos intimida, não intimida o povo da Venezuela", advertiu.

A ação foi repudiada por Caracas, que exigiu ao secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, "que cesse imediatamente sua postura temerária, aventureira e belicista, que pretende minar a zona de paz da América Latina e do Caribe e põe em risco a estabilidade regional".

Além disso, a Venezuela apresentará reclamações à Organização das Nações Unidas e outras entidades multilaterais, "para que sejam tomadas as medidas necessárias para impedir a repetição dessas ações ilegais e perigosas".

Agressão dos EUA no Caribe

  • Em agosto, a mídia internacional noticiou um envio de tropas americanas ao sul do Caribe, supostamente para combater os cartéis de drogas. Paralelamente, a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, dobrou a recompensa por informações que levassem à prisão do presidente venezuelano sob a acusação — nunca comprovada — de liderar um "cartel de narcotráfico".
  • Após o envio de tropas americanas, os ministros das Relações Exteriores de blocos como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA) pediram que fosse respeitada a declaração da região como zona de paz.
  • Até o momento, Washington afirma ter bombardeado três embarcações no Caribe, que deixaram pelo menos 17 mortos. Maduro sustenta que seu país é vítima de "uma guerra multiforme" orquestrada pelos EUA com o objetivo de promover uma "mudança de regime".
  • Outros mandatários da região, como Miguel Díaz-Canel (Cuba), Luis Arce (Bolívia), Daniel Ortega (Nicarágua) e Gustavo Petro (Colômbia), consideram que não há qualquer evidência que sirva de base para a acusação dos EUA contra Maduro, enquanto são públicas as ambições do país norte-americano de dominar os recursos estratégicos presentes no hemisfério ocidental.