Uma série de vídeos do ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, foram divulgados nas redes sociais nesta sexta-feira (3), nos quais ele ironiza a missão humanitária da "Flotilha Global Sumud" e classifica os ativistas detidos como "terroristas".
As publicações foram feitas horas após a interceptação do último barco da flotilha, o Marinette, que tentava alcançar a Faixa de Gaza com voluntários internacionais e suprimentos humanitários.
"Esses são os terroristas do Hamas, esses são os terroristas. Vai embora, terrorista", diz Ben-Gvir em uma das gravações, apontando para os tripulantes da embarcação.
Segundo o ministro, os barcos interceptados não continham itens que pudessem ser classificados como ajuda humanitária. "Aliás, os navios deles foram encontrados como se fosse apenas uma farsa. Eles não vieram de verdade. Não para ajudar, não para socorrer", afirmou.
O líder do partido de extrema-direita Otzma Yehudit também acompanhou a inspeção da carga e ridicularizou os itens encontrados. "Tem aqui uma doação. O que é isso? É ajuda humanitária? Não vejo nada aqui", questiona, diante de uma caixa. "Que tipo de festa é essa aqui? Não é ajuda, nem é humanitário".
Na sequência, Ben-Gvir aparece na prisão de Ktzi’ot, no deserto de Neguev, onde os ativistas estariam detidos. "Como prometi a vocês, os terroristas estão aqui na prisão de segurança. Veja os jogos, eles recebem aqui condições de terroristas em todos os aspectos, condições de terroristas, ou seja, o mínimo do mínimo", afirmou.
O ministro também criticou a possibilidade de os detidos estrangeiros serem libertados e repatriados. "A decisão do primeiro-ministro de permitir que os apoiantes do terrorismo regressem aos seus países é um erro fundamental", declarou.
"Acho que eles deveriam ficar alguns meses aqui, em uma prisão israelense, para que pudessem apreciar o cheiro da ala dos terroristas".
A ação contra a flotilha resultou na detenção de mais de 450 pessoas, incluindo pelo menos 15 brasileiros e a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE).
O último barco, o Marinette, foi interceptado por forças navais israelenses às 10h29 (horário local), a cerca de 42,5 milhas náuticas da Faixa de Gaza. O grupo navegava em zigzag, tentando evitar a captura, após 38 horas de perseguição contínua.
O governo brasileiro classificou a interceptação como ilegal. "O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica", afirmou o Itamaraty. O Ministério das Relações Exteriores também destacou que cabe a Israel garantir a segurança dos brasileiros detidos.
A organização Global Sumud publicou nota afirmando que a missão continua. "Seguiremos até que o genocídio acabe. Seguiremos até que a Palestina seja livre", declarou.