Mais de 450 ativistas são detidos por Israel; último barco da flotilha foi interceptado

Marinette navegou em zigzag por horas tentando evitar a interceptação da Marinha israelense em alto-mar.

O último barco da "Flotilha Global Sumud", chamado Marinette, foi interceptado nesta sexta-feira (3), às 10h29 (horário local), a cerca de 42,5 milhas náuticas da Faixa de Gaza.

A embarcação transportava ajuda humanitária e voluntários internacionais com destino à Faixa de Gaza. 

De acordo com o site oficial da flotilha, que disponibiliza o rastreamento em tempo real das embarcações, o Marinette navegou em zigzag por horas em uma tentativa de escapar da interceptação.

A última atualização do rastreador foi registrada às 7h07 (UTC), ou 10h07 no horário local, cerca de 20 minutos antes da interceptação, informada pela organização como tendo ocorrido às 10h29.

A interceptação foi registrada após 38 horas de bloqueios consecutivos realizados por forças navais israelenses, que já haviam capturado outras 42 embarcações. Duas desapareceram do radar e ainda não tiveram seus destinos confirmados.

"Marinette seguiu adiante com o espírito de Sumud* — firmeza — mesmo após ver o destino dos 41 barcos que vieram antes dela", diz o comunicado publicado nas redes da flotilha.

"Mas este não é o fim da nossa missão. Seguiremos até que o genocídio acabe. Seguiremos até que a Palestina seja livre".

A organização afirma que mais de 450 ativistas foram detidos durante a ação, entre eles pelo menos 15 brasileiros.

Em vídeo divulgado pelo ministro da Defesa de Israel, o governo israelense informou que os membros da Flotilha foram encarcerados no deserto de Neguev. 

A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) também está entre os detidos. O governo brasileiro afirmou que acompanha a situação com preocupação e que acionou formalmente as autoridades israelenses.

"O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica", declarou o ministério. A nota também reforça que, com a detenção dos brasileiros, cabe a Israel garantir sua segurança e integridade física.

*Sumud é um conceito palestino que combina valor cultural, estratégia política e resistência ideológica. Surgiu após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, como resposta à ocupação israelense e simboliza a firmeza e a perseverança do povo palestino diante da opressão.