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País africano acusa a Apple de usar "minerais de sangue" em seus dispositivos

Um país da África Central afirma que a empresa usa recursos "procedentes de uma região cuja população está sendo devastada por graves violações dos direitos humanos".
País africano acusa a Apple de usar "minerais de sangue" em seus dispositivosLegion-media.ru / Takeshi Kuno (Kyodo)

O Governo da República Democrática do Congo acusou a empresa tecnológica Apple de usar em seus produtos os recursos "explorados ilegalmente" na região dos Grandes Lagos Africanos, devastada pela guerra, informa a AFP.

Os advogados da nação centro-africana enviaram à empresa uma notificação formal de cessação e retirada, alertando que poderia enfrentar ações legais se a suposta prática continuasse. Através do documento, a Apple está sendo acusada de comprar minerais congoleses contrabandeados para a vizinha Ruanda, onde são lavados e "integrados à cadeia de suprimentos global".

"A Apple tem contado consistentemente com uma variedade de fornecedores que compram minerais de Ruanda, um país pobre em minerais que tem se aproveitado da República Democrática do Congo e saqueado seus recursos naturais por quase três décadas", afirmaram os juristas sediados em Paris.

De tal modo, a empresa norte-americana "vendeu tecnologia fabricada com minerais provenientes de uma região cuja população está sendo devastada por graves violações dos direitos humanos", acrescentaram.

"Notoriamente insuficientes"

Os Macs, iPhones e outros produtos da gigante da tecnologia estão "manchados pelo sangue do povo congolês", disseram os advogados, observando que "a responsabilidade da Apple e de outros grandes fabricantes de tecnologia quando usam minerais de sangue tem sido, por muito tempo, uma caixa preta". Os esforços da empresa norte-americana para obter os minerais de forma ética são "notoriamente insuficientes", resumiram.

A região dos Grandes Lagos da República Democrática do Congo, rica em minerais, tem sido atormentada por guerras regionais desde a década de 1990, e as tensões aumentaram no final de 2021, quando os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) começaram a assumir o controle de partes do território.

A República Democrática do Congo, a ONU e os países ocidentais acusam Ruanda de apoiar grupos insurgentes, explicou a AFP.