Nesta quarta-feira, a Comissão da Legislação Participativa da Câmara dos Deputados debateu a ''crise humanitária na Faixa de Gaza, as denúncias de violações dos direitos humanos dos palestinos e do direito internacional pelo Estado de Israel''.
A audiência pública, que contou com a participação de acadêmicos, palestrantes, ativistas e também do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, foi realizada a pedido dos deputados federais João Daniel (PT-SE) e Padre João (PT-MG). Ela teve por objetivo "a conscientização e a educação do público sobre as complexidades do conflito" em Gaza, de acordo com o congressista do Sergipe.
Durante sua intervenção, o embaixador Alzeben expressou o agradecimento da Palestina a todos os países que apoiam a causa de seu povo - em especial ao Brasil e ao presidente Lula da Silva. "Também agradeço à Jamaica, que ontem se juntou à comunidade internacional para reconhecer o Estado da Palestina", acrescentou, em referência à recente decisão de Kingston.
Agradeço também a todos os partidos, instituições e movimentos populares que diariamente, e em todo o Brasil, (...) condenam a limpeza étnica, a guerra de genocídio, o assassinato sistemático e os ataques dos colonos e a profanação dos locais sagrados de culto.
"A guerra de extermínio é contra a ideia de resistência, de resistir ao colonialismo", prosseguiu o embaixador, exaltando o papel de grupos como o Fatah, Hamas, Frente Popular e a Organização pela Libertação da Palestina na luta contra as forças israelenses.
O pronunciamento do embaixador foi sucedido por depoimentos de palestinos afetados pela guerra e de expositores abordando temas como o contexto histórico por trás do conflito e a decorrente destruição do patrimônio cultural. Os expositores, bem como boa parte dos congressistas, deixou a comissão após as mostras.
Insatisfação do Partido Liberal
Gilvan Aguiar (PL-ES) e os congressistas Abilio Brunini (PL-MT) e Éder Mauro (PL-PA) realizaram manifestações enérgicas contra a decisão de parte dos presentes em retirar-se da audiência precocemente, sobretudo porque Glauber Braga (PSOL-RJ), presidente da Comissão, determinou que a intervenção de deputados inscritos se daria apenas após as falas dos convidados. "Ficaram aqui atacando Israel durante cinco horas, mas são covardes e não ficam aqui para ouvir, defensores de terroristas", declarou Aguiar.
"Não vi uma fala sobre esse grupo de assassinos do Hamas, que se dependesse de mim, seria exterminado da face da terra", prosseguiu o deputado diante da comissão esvaziada. "Eu apoio Israel, sem cessar-fogo, até a destruição total do Hamas''.
Em declaração complementar, o deputado Éder Mauro (PL-PA) rechaçou a ideia de um cessar-fogo, estabelecendo um elo com o Brasil. ''Não vai cessar p*rra nenhuma de fogo, Israel tem que tornar o Hamas um nada. Porque hoje foi Israel, amanhã serão famílias brasileiras que serão importunadas ou sofrerão", argumentou, emendando sua fala em críticas ao presidente Lula.