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Com 10% de minerais críticos mundiais, Brasil pode ter papel estratégico na transição energética

O país busca superar sua baixa participação na oferta global, aproveitando o aumento da demanda por minérios como lítio, níquel e grafeno.
Com 10% de minerais críticos mundiais, Brasil pode ter papel estratégico na transição energéticaGettyimages.ru / NANOCLUSTERING/SCIENCE PHOTO LIBRARY

O Brasil atualmente detém cerca de 10% das reservas mundiais de minérios críticos, entre eles lítio, níquel, grafite e terras raras, representando um potencial estratégico para o país. Entretanto, tal proeminência não se reflete na produção efetiva da mineração no setor, que consiste em menos de 0,09% da oferta global, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), citados pelo jornal O Globo.

No caso dos metais de terras raras, a agência de pesquisa geológica dos EUA registrou uma produção de 20 toneladas pelo Brasil em 2024, contra 270 mil toneladas da China. Enquanto isso, a extração brasileira de lítio manteve-se em 10 mil toneladas, muito aquém das 88 mil toneladas produzidas pela Austrália, por exemplo.

Caso seja expandida, a produção e exportação desses minérios assumirá um papel-chave para o crescimento do Brasil no comércio global. Os produtos encontram-se em um momento de demanda crescente devido à transição energética, que elevará em até seis vezes sua demanda mundial, segundo o veículo brasileiro.

Para isso, o governo lidera a elaboração de mecanismos como a Política Nacional de Minérios Críticos e Estratégicos (PNMCE). De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a política nacional terá como eixos primordiais a mineração ambientalmente sustentável, entendida como requisito de competitividade internacional; e a agregação de valor, no Brasil, do minério extraído.

Nesse sentido, a ampliação do papel do Brasil nas cadeias globais, segundo a política nacional, envolverá a atração de empresas que, utilizando os minérios extraídos no país, sejam capazes de produzir domésticamente produtos como baterias para veículos elétricos, turbinas eólicas e sistemas de armazenamento de energia.

"A prioridade é garantir que a exploração ocorra em bases sustentáveis, competitivas e transparentes, respeitando a legislação vigente e o interesse nacional", afirmou em nota o ministério, citado pelo O Globo.

Contudo, há desafios a serem superados. O Serviço Geológico do Brasil, por exemplo, mapeou o potencial mineral de somente 27% do território nacional. Setores da sociedade, como o Observatório da Mineração, também duvidam da capacidade da nova política efetivar a proteção ambiental com os novos investimentos no setor, alguns próximos a áreas de proteção ambiental, terras indígenas e quilombolas.