O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (29) que o país não representa ameaça a nenhuma outra nação, ressaltando que sua doutrina de segurança está baseada nos ideais libertários de Simón Bolívar, considerado o maior herói venezuelano.
"A Venezuela não ameaça ninguém. […] A Venezuela não é ameaça para ninguém. A Venezuela é a esperança de um mundo de paz e harmonia, no espírito de [Simón] Bolívar, no espírito da Pátria Grande. O que Bolívar disse: para nós, a pátria é a América, e toda a América deve ser livre e unida", disse o presidente em seu programa Con Maduro+.
O chefe de Estado reforçou sua posição ao detalhar as ações que a Venezuela vem adotando para lidar com o destacamento militar norte-americano próximo ao seu território nas últimas sete semanas.
Segundo Maduro, embora os EUA aleguem combater cartéis, Caracas vê essas movimentações como uma tentativa de provocar uma mudança de regime no país.
Mais cedo, Maduro assinou um decreto de "comoção externa", um estado de exceção previsto na Constituição para situações de guerra ou ameaça estrangeira, após diversas ameaças norte-americanas à soberania de Caracas.
Em agosto, a mídia internacional noticiou um destacamento militar dos EUA no sul do Caribe , supostamente para combater cartéis de drogas. Enquanto isso, a Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, dobrou a recompensa por informações que levassem à prisão do presidente venezuelano sob a acusação nunca comprovada de liderar um "cartel de drogas".
Até o momento, Washington afirma ter bombardeado três navios no Caribe, deixando pelo menos 17 mortos. Na região, a Colômbia chamou essas mortes de "assassinatos". Da mesma forma, organizações internacionais como o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos declararam que "as pessoas não devem morrer por usar, vender ou consumir drogas".
- Em seu discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, Trump reafirmou continuará realizando ações militares e bombardeios no Caribe para supostamente "destruir os terroristas venezuelanos e as redes de tráfico lideradas por Nicolás Maduro", sem fornecer nenhuma evidência para suas acusações.
- Maduro afirma que Caracas é vítima de uma "guerra multifacetada" orquestrada pelos EUA com o objetivo de provocar uma "mudança de regime", enquanto seu homólogo americano disse que não se envolveu em negociações com membros de seu governo para esse fim.
Após o destacamento militar dos EUA, ministros das Relações Exteriores de blocos como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA) pediram respeito à designação da região como zona de paz.