O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, alertou nesta segunda-feira (29) que o governo pode enfrentar uma paralisação, conhecida como shutdown, caso o Congresso não aprove a prorrogação do orçamento.
A paralisação está prevista para começar em 1º de outubro se não houver consenso sobre uma nova lei orçamentária.
Um shutdown ocorre quando o Congresso não consegue aprovar o orçamento ou uma medida temporária de financiamento. Nesse caso, as agências federais são obrigadas a interromper operações não essenciais, e servidores públicos podem ficar sem salário até que o impasse seja resolvido.
Disputa entre partidos
Vance participou de coletiva de imprensa na Casa Branca ao lado do presidente da Câmara, Mike Johnson, republicano, após reunião com o presidente Donald Trump e líderes de ambos os partidos no Congresso. Ele criticou o partido Democrata por reivindicar assistência médica "gratuita" para imigrantes.
"Eles estão basicamente dizendo ao povo americano: 'Queremos dar centenas de bilhões de dólares a imigrantes indocumentados para assistência médica, enquanto os americanos lutam para pagar suas contas médicas'", disse.
"E agora eles vêm aqui e dizem: 'Se vocês não nos derem tudo o que queremos, teremos uma paralisação do governo'. Achamos isso inconcebível, totalmente inaceitável", acrescentou o vice-presidente.
Vance reconheceu que a política de saúde dos EUA "está quebrada", mas afirmou que, durante oito meses, o governo Trump tentou "consertá-la". Ele responsabilizou os democratas pelo declínio do sistema.
Democratas contestam
Apesar da previsão de paralisação, JD Vance defendeu negociações que garantam a continuidade do governo, reafirmando a posição republicana. "Não vamos permitir que eles tomem o governo do povo como refém e depois lhes deem tudo o que querem", disse.
Os democratas, por sua vez, negaram buscar assistência "gratuita" para migrantes. Segundo eles, o objetivo é estender subsídios previstos pelo Affordable Care Act, que estariam ameaçados pelo chamado "Um Grande e Belo Projeto de Lei" de Trump.
O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, também destacou as divergências com os republicanos em relação à saúde pública. "Cabe aos republicanos decidir se querem paralisar o governo ou não", afirmou.
Orçamento em risco
O impasse orçamentário se arrasta desde janeiro, quando Trump assumiu o cargo e se recusou a liberar bilhões de dólares previamente aprovados pelo Congresso. A Câmara dos Deputados, sob controle republicano, aprovou em 19 de setembro um projeto para manter o financiamento das agências até 21 de novembro, mas o Senado rejeitou a proposta, que exigia 60 votos para aprovação.
O valor em disputa representa cerca de um quarto do orçamento total do governo, estimado em aproximadamente R$ 37 trilhões. A maior parte restante é destinada a programas de saúde, aposentadoria e ao pagamento de juros da dívida, atualmente em R$ 200 trilhões.