Entenda a situação de Carla Zambelli, denunciada pela PGR por invasão cibernética a um sistema judicial
A deputada da oposição Carla Zambelli (PL-SP), colega de partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o 'hacker' Walter Delgatti Neto, foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por invasão do sistema informático do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de controle do Poder Judicial, para inserir documentos falsos.
Zambelli foi formalmente denunciada junto com Delgatti perante a corte máxima brasileira pelos crimes de "invasão a dispositivo informático" e "falsidade ideológica".
PGR denuncia deputada federal e hacker por invasão a sistemas do CNJ e inclusão de documentos falsos.Leia a matéria: https://t.co/EDoYTuEtYhpic.twitter.com/sqfD5CqzeG
— MPFederal (@MPF_PGR) April 23, 2024
"Os dois são acusados de invadir seis sistemas do Judiciário por um total de 13 vezes e inserir nas ferramentas 16 documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e ordens para quebra do seu sigilo bancário e bloqueio de bens", detalhou a agência.
O ataque teria como objetivo o acesso ilegal a informações confidenciais e o comprometimento da integridade do sistema judicial brasileiro.
"Figura excêntrica e polêmica"
Delgatti foi interrogado no ano passado por uma comissão parlamentar, que investigou o ataque de milhares de radicais bolsonaristas à sede dos três poderes em Brasília em 8 de janeiro de 2023, em uma tentativa de expulsar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O 'hacker' então declarou que Zambelli, do Partido Liberal, o havia contratado.
Ele também confessou que o próprio Bolsonaro (PL) lhe perguntou se poderia intervir nas urnas eletrônicas e que lhe ofereceu um indulto, caso houvesse alguma consequência legal para o 'hacker'.
Por sua vez, através da sua defesa, a deputada disse que não há provas efetivas que demonstrem seu envolvimento na invasão do CNJ.
Zambelli é uma excêntrica e polêmica figura do bolsonarismo que, às vésperas das eleições de outubro de 2022, tornou-se viral após aparecer em um vídeo, no qual perseguia com uma arma um homem, apoiador do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo.
A parlamentar, uma dos apoiadores do processo de impeachment que acabou removendo a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016 do cargo, tem um longo histórico de polêmicas e processos judiciais, incluindo um em que indenizou o deputado Jean Wyllys (PT) após acusá-lo de pedofilia.