A Rússia está muito preocupada com as ações dos EUA nas proximidades das águas venezuelanas, declarou o ministro das Relações Exteriores Sergey Lavrov em coletiva de imprensa neste sábado (27), às margens da Assembleia Geral da ONU.
"Certamente estamos muito alarmados pelo que os americanos organizaram agora em águas internacionais, mas próximas às águas territoriais venezuelanas", disse Lavrov, lembrando que conversou na véspera com seu homólogo venezuelano, Yván Gil.
"A situação é realmente grave, com importantes forças armadas e navais, incluindo um submarino nuclear, e ameaças diretas de intervenção militar para destruir 'os cartéis de drogas' e combater o narcotráfico", lembrou.
Lavrov também revelou que EUA e Panamá estariam promovendo uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para combater o crime no Haiti, buscando criar um grupo com uso ilimitado da força contra gangues.
"Se compararmos esses dois processos, não descarto que algumas pessoas criativas tentem obter um mandato do Conselho e aleguem que gangues haitianas estão se escondendo na Venezuela", acrescentou o alto diplomata.
"Nos solidarizamos com o povo e o governo da Venezuela", concluiu.
"Agressões incontáveis"
Em agosto passado, os EUA enviaram um amplo contingente militar ao Caribe sob o pretexto de combater o narcotráfico, acusando diretamente a Venezuela de estar ligada a essas atividades.
O governo venezuelano questiona a real motivação, já que o Caribe não é a principal rota de tráfico para os EUA.
Com mapas e dados respaldados por organizações reconhecidas, Nicolás Maduro desmente repetidamente as acusações de Washington, afirmando que seu país enfrenta uma guerra orquestrada pelos EUA para promover um "mudança de regime". Segundo o presidente bolivariano, o objetivo seria apropriar-se das riquezas venezuelanas.
Apesar disso, os norte-americanos mantêm suas ameaças. Donald Trump declarou na ONU que os EUA não têm "outra opção" senão eliminar as supostas organizações designadas como "terroristas" por meio de bombardeios no Caribe.
O chanceler venezuelano, Yván Gil, denunciou na sexta-feira, perante a Assembleia Geral da ONU, que "são incontáveis as agressões" contra a Venezuela.