Na ONU, Venezuela reforça apoio à Rússia contra 'agressão ocidental'

Durante discurso na Assembleia Geral, chanceler venezuelano também criticou intervenções militares dos EUA e destacou solidariedade global a Caracas.

Durante seu discurso na 80º Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, reiterou o apoio de Caracas à Rússia diante da "agressão militarista ocidental".

"Apoiamos o presidente Putin e o nobre povo russo em sua luta contra o neonazismo e a agressão militarista ocidental", afirmou nesta sexta-feira (26).

Pouco antes, Gil se encontrou com Lavrov e enfatizou a posição da Rússia em apoiar a Venezuela diante das "ameaças externas e tentativas de interferência sobre seus assuntos internos", indicando que Moscou sustenta os esforços de Caracas para manter sua soberania intacta.

Ameaças norte-americanas

Yván Gil comentou em seu discurso sobre as recorrentes ameaças de intervenção militar dos Estados Unidos contra Caracas no Mar do Caribe, classificando a presença americana como uma ameaça ilegal à soberania venezuelana e às normas internacionais.

O chanceler destacou ainda o apoio de governos e povos, citando CELAC, BRICS e Movimento dos Não Alinhados, que repudiaram essas ações.

"Mentiras perversas"

Gil criticou o histórico de intervenções dos Estados Unidos em outros países, citando o Iraque, a Líbia e o Afeganistão, e alertou para o que considera uma nova agressão contra a Venezuela. Segundo ele, Washington utiliza pretextos falsos para justificar a presença de tropas e equipamentos militares próximos à costa venezuelana, sob o falso argumento de combater cartéis de drogas.

"Hoje, a agressão visa a Venezuela, um país pacífico e solidário", afirmou Gil, acrescentando: "Como a Venezuela não pode ser acusada de ter armas de destruição em massa ou armas nucleares, hoje inventam mentiras vulgares e perversas nas quais ninguém acredita — nem nos EUA nem no mundo — para justificar uma ameaça militar multimilionária que é atroz, extravagante e imoral".

Gil reafirmou a vocação da Venezuela para a paz e a autodeterminação, destacando o direito do país, amparado na Carta da ONU, de "defender sua soberania" e a estabilidade do Caribe e da América do Sul. Ele ressaltou que, embora o povo venezuelano valorize a paz, está pronto para defendê-la com determinação.

Confronto crescente

O discurso de Gil ocorre poucos dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter feito ameaças diretas a Caracas durante a Assembleia Geral da ONU, ao acusar Maduro de liderar uma rede de tráfico de drogas sem apresentar evidências.

Segundo o chanceler venezuelano, a postura de Washington representa uma estratégia arriscada para toda a região, ao tentar legitimar e normalizar o uso da força em uma área tradicionalmente pacífica.

"Há uma mensagem para a comunidade internacional: é necessário interromper o uso da força contra um país livre e soberano", afirmou Gil, reiterando que há uma "narrativa falsa" por trás do destacamento ordenado por Trump.

Ele acrescentou que, apesar das ameaças, o objetivo real dos Estados Unidos não seria combater o tráfico de drogas, mas exercer controle sobre os recursos naturais da Venezuela por meio de cerco e intimidação.