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"Limpeza social": acampamento de migrantes em Paris é despejado antes dos Jogos Olímpicos

Quando os turistas vão passear às margens do rio Sena, o lugar "tem que ser como um cartão postal", explicou um voluntário.
"Limpeza social": acampamento de migrantes em Paris é despejado antes dos Jogos OlímpicosAP / Nicolas Garriga

Antes dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a Polícia francesa expulsou novamente, na terça-feira, os migrantes de um acampamento improvisado próximo ao Rio Sena, na capital da França, noticiou a mídia local.

Antes do amanhecer, um grupo de policiais se aproximou de cerca de 30 barracas montadas ao longo de um muro, acordou seus habitantes e pediu que arrumassem seus pertences.

"Não há mais lugares em Paris", explicou um funcionário dos serviços sociais da prefeitura de Ile-de-France. Assim, foi oferecida aos jovens migrantes de Mali, Burkina Faso e Costa do Marfim uma viagem de ônibus até a cidade de Besançon, a cerca de 400 quilômetros da capital francesa.

"Temos recursos [legais] aqui, por que eles querem nos mandar para Besançon?", comentou um migrante. "Eles vão nos abandonar, queremos um lugar de verdade", lamentou outro.

Por sua vez, um funcionário afirmou não ser "tão terrível ir para as províncias ou fazer uma viagem de ida e volta de Besançon a Paris, especialmente para pessoas que já passaram por muitos países".

"No momento, podemos sentir a 'limpeza social', com duas evacuações por semana", disse Aurélia Huot, da Associação de Advogados Solidários de Paris, referindo-se ao despejo da semana passada de cerca de 450 pessoas das instalações abandonadas de uma empresa ao sul de Paris.

"Quando os turistas, durante os Jogos Olímpicos, vão passear às margens do Sena, o lugar tem que ser como um cartão postal", explicou Elias, voluntário da associação Utopia 56.

No entanto, as autoridades locais afirmam que os despejos não têm nada a ver com o evento esportivo, pois já estão ocorrendo há muito tempo. "Obviamente, [esse trabalho] continua e, ao mesmo tempo, os Jogos Olímpicos precisam ser organizados, mas essas duas questões não estão relacionadas", disse o prefeito de Ile-de-France, Marc Guillaume.