
Protestos violentos da geração Z abalam região 'rebelde' da Índia

Quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na região de Ladakh na quarta-feira (24), quando uma manifestação inicialmente pacífica se transformou em tumultos em Leh, capital desta região do norte da Índia.
A região montanhosa de Ladakh já era um local de tensão fronteiriça entre Índia e China, mas o descontentamento crônico da população local por falta de autonomia política acabaram degenerando em violência.
Os distúrbios, segundo alguns ativistas, foram consequência da ira dos jovens pela inércia das autoridades. Eles eclodiram após a hospitalização de dois ativistas que anunciaram uma greve de fome de 15 dias.

A manifestação se transformou em violência quando grupos de jovens começaram a invadir prédios estatais e o escritório do partido governista. A polícia tentou conter os manifestantes usando gás lacrimogêneo, mas os confrontos continuaram e as forças de segurança tiveram que usar armas de munição letal, o que resultou em vítimas.
De acordo com os coordenadores do protesto, pelo menos quatro manifestantes morreram e dezenas ficaram feridos. As autoridades informaram sobre feridos entre os agentes de segurança, afirmando que estes foram obrigados a usar armas em legítima defesa contra uma "multidão descontrolada".
As reivindicações dos manifestantes têm origem em 2019, quando o governo de Narendra Modi retirou o status semiautônomo do antigo estado de Jammu e Caxemira, dividindo-o em dois territórios.
Ao contrário de uma delas, Ladakh não ganhou seu próprio órgão legislativo, o que privou a população do direito de eleger seu governo local. Durante seis anos, os habitantes da região exigiram pacificamente garantias constitucionais, em particular a inclusão no Sexto Anexo da Constituição, que garante autonomia aos povos locais.
No entanto, o prolongamento das negociações e o aumento do desemprego entre os jovens instruídos (a taxa de alfabetização em Ladakh é de 97%, enquanto que a média nacional é de 80%) fizeram aumentar a tensão social. Como observou o líder dos protestos, Sonam Wangchuk, a raiva é causada pelo fato de os jovens "estarem desempregados há cinco anos e Ladakh não receber proteção".
As autoridades acusaram Sonam Wangchuk de incitar violência ao convocar a geração Z à revolta, como ocorreu no Nepal e em outros países asiáticos.
- A importância da crise em Ladakh vai muito além da política interna. Esta região estrategicamente importante faz fronteira com a China e abriga bases militares de importância crítica para a defesa da Índia. Em 2020 um confronto sangrento entre as forças armadas indianas e chinesas eclodiu na região.
- Como observam os analistas, à ameaça externa se somou uma interna: se antes o centro da insatisfação era Caxemira, agora as autoridades são obrigadas a lutar também contra um crescente movimento de protesto em Ladakh, região crucial do ponto de vista da segurança, o que cria uma nova situação complexa para Nova Delhi.
