Kamala critica falta de empatia de Biden sobre Gaza, mas diz que Israel fez 'certo' ao responder ao ataque surpresa

Em novo livro, ex-vice-presidente sugere que reação do governo Biden ao conflito em Gaza contribuiu para a derrota nas eleições de 2024.

A ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, fez duras críticas ao ex-presidente Joe Biden em seu novo livro, no qual relata bastidores da campanha presidencial de 2024. Segundo ela, a postura excessivamente favorável a Israel e a falta de empatia em relação ao sofrimento dos civis palestinos em Gaza custaram caro à chapa democrata.

"Implorei a Joe, quando ele falou publicamente sobre esse assunto, que estendesse a mesma empatia que demonstrou pelo sofrimento dos ucranianos também aos civis inocentes em Gaza", escreve Harris em seu livro de memórias, 107 Dias, lançado oficialmente nesta terça-feira (23), com trechos divulgados pela agência de notícias Axios.

Ela relata que Biden "não conseguiu" atender a esse apelo:

"Embora ele pudesse afirmar apaixonadamente: 'Sou sionista', seus comentários sobre palestinos inocentes soaram inapropriados e forçados", disse. Para Harris, a percepção de que o governo ofereceu um "cheque em branco" ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi um dos fatores que prejudicaram sua campanha presidencial.

A ex-vice-presidente também aponta que Netanyahu não valorizava a fidelidade de Biden a Israel, já que preferia Donald Trump na Casa Branca.

Ainda assim, Harris considera que Israel "estava certo em responder às atrocidades de 7 de outubro", ela escreve.

Apesar do apoio, ela reconhece que "a ferocidade da resposta de Netanyahu, o número de mulheres e crianças palestinas inocentes mortas, e sua falha em priorizar a vida dos reféns enfraqueceram a posição moral de Israel internacionalmente''.

O título do livro faz referência à campanha presidencial de Harris, considerada a mais curta da história contemporânea dos Estados Unidos, encerrada após 107 dias, com derrota democrata para Donald Trump e avanço republicano no Congresso.