
Trump ameaça Venezuela na Assembleia Geral da ONU

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (23) que seu país não tem "outra opção" a não ser eliminar as supostas organizações criminosas "terroristas" mediante bombardeios no Caribe.
"Advertimos que as eliminaremos por completo. É isso que estamos fazendo. Não temos outra opção. Não podemos permitir que isso aconteça ali", disse Trump na Assembleia das Nações Unidas, em meio às críticas dos países da região pela mobilização militar dos EUA no Caribe.

Na avaliação do presidente dos EU, as organizações que seu governo classificou como "terroristas" — como a extinta quadrilha Tren de Aragua — "mutilam e assassinam com impunidade" e são "inimigas de toda a humanidade".
"Por essa razão, recentemente começamos a usar o poder supremo do exército dos EUA para destruir os terroristas venezuelanos e as redes de tráfico que Nicolás Maduro lidera", afirmou Trump, numa tentativa de justificar a escalada.
Nessa linha, prometeu "bombardear" todas as embarcações que, segundo ele, traficarem drogas "para que deixem de existir". "Não temos outra opção", declarou minutos depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ter considerado "preocupante" a tentativa de vincular o crime comum ao terrorismo.
"A forma mais eficaz de combater o narcotráfico é cooperar para reprimir a lavagem de dinheiro e restringir o comércio de armas", enfatizou Lula, que também condenou o “uso da força letal em situações que não configuram conflito armado".
Execuções sumárias
As declarações de Trump ampliam o tom de Washington contra Caracas. A escalada é uma realidade desde agosto passado, quando os EUA destacaram um amplo contingente militar no Caribe, sob o pretexto do combate ao narcotráfico.
No entanto, o governo venezuelano questionou a verdadeira razão das operações, pois o Caribe não é a principal rota usada pelos narcotraficantes para enviar drogas aos EUA, o maior consumidor de substâncias ilícitas do mundo.
Mais de 80% da droga que chega aos EUA sai da América do Sul pela rota do Pacífico, sem qualquer relação coma Venezuela, principalmente por países como Colômbia e Equador.
Nessa região são comuns as operações de interdição de embarcações com entorpecentes, que resultam na prisão dos responsáveis, e não no assassinato sumário dos tripulantes.
Com esse histórico, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, tem sido uma das vozes mais críticas aos ataques letais. Nesta terça-feira, em suas redes sociais, ele chegou a acusar Washington e o governo da República Dominicana de supostos assassinatos sumários de cidadãos colombianos, após a divulgação do bombardeio a uma suposta "narcolancha" em uma operação conjunta.
- No dia 12 de setembro, forças militares dos Estados Unidos entraram na Zona Econômica Exclusiva da Venezuela e abordaram uma embarcação pesqueira. A tripulação foi retida por várias horas, e Caracas denunciou que se tratou de uma ação "ilegal".
- Maduro afirma que seu país é alvo de "uma guerra multifacetada" orquestrada pelos EUA com o objetivo de promover uma "mudança de regime", enquanto seu homólogo americano, Donald Trump, disse que não tem mantido conversas com membros do seu governo para esses fins.
- Em resposta aos movimentos militares dos EUA, Maduro convocou um alistamento massivo de milicianos. A Força Armada Nacional Bolivariana lançou o 'Plano Independência 200', e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, anunciou a realização de um exercício de "preparo militar" na ilha de La Orchila, enquanto o país se prepara "para um cenário de conflito armado no mar".
