'Absurdas': Mauro Vieira critica restrições de vistos impostas pelos EUA a autoridades brasileiras

Chanceler afirmou ter acionado a ONU e classificou medidas como "injustas".

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta sexta-feira (19), em Nova York, que as restrições de vistos aplicadas pelos Estados Unidos contra autoridades brasileiras são "injustas" e "absurdas", informou o jornal Metrópoles.

A declaração foi dada após encontro com a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas. 

Vieira disse ter acionado o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a presidente da Assembleia Geral da organização, Annalena Baerbock, para tratar do tema.

Um dos casos mais emblemáticos é o do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele recebeu autorização de entrada nos EUA, mas desistiu da viagem porque o documento limitava sua circulação a apenas cinco quarteirões do hotel em Nova York, o que o impediria de participar de compromissos oficiais em Washington, incluindo a conferência da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

"São restrições que não têm cabimento, injustas, absurdas", declarou Vieira após reunião. 

Segundo o chanceler, a medida foi relatada aos canais diplomáticos competentes. "Nós estamos relatando, e pedindo a interferência do secretário-geral [da ONU] junto ao país-sede [EUA], que é o procedimento. Tratamos do tema nos canais disponíveis, e estamos esperando agora a ação do secretário-geral da ONU e da presidente da Assembleia Geral", disse.

As dificuldades impostas pela concessão de vistos à comitiva brasileira que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Nova York aumentaram a tensão entre Brasília e Washington.

O governo americano anunciou que deve aplicar novas sanções contra autoridades brasileiras na próxima semana.

Na última terça-feira (16), o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, teve seu visto liberado, após semanas de restrição impostas pelo governo americano.