A representação da Venezuela nas Nações Unidas demandou, nesta sexta-feira (19), o "cessar imediato" das operações militares dos EUA no sul do Caribe. Caracas considera que as ações são contrárias ao disposto no direito internacional, que proíbe explicitamente a ameaça do uso da força contra nações soberanas, bem como o bombardeio contra civis.
"Instamos a todo o sistema da ONU e a este Conselho [de Direitos Humanos] a condenar essas políticas de força, que põem em risco a paz e a segurança internacional, exigir ao governo dos EUA que ponha fim a essas ações hostis e respeite plenamente a soberania, a integridade territorial e a independência política da Venezuela", afirmou o embaixador Héctor Constant Rosales, que chefia a delegação venezuelana no escritório da ONU em Genebra.
Em sua fala, o diplomata apontou que, "segundo fontes oficiais dos EUA, já estão realizando execuções extrajudiciais no Caribe, bombardeando com mísseis inteligentes pequenas embarcações artesanais, violando todos os direitos existentes contra países e pessoas".
Rosales ainda denunciou a "política sistemática de hostilização" promovida durante anos por Washington, que envolve "a ilegal aplicação de medidas coercitivas unilaterais, campanhas de descrédito e desconhecimento de nossas instituições legítimas". Assim, argumentou que tais ações visam "justificar uma intervenção estrangeira na Venezuela", no que a mobilização militar de Washington constituiria uma escalada "rumo a um plano mais perigoso" de uma "agressão prolongada".
"Essas ações, que constituem violações flagrantes da Carta das Nações Unidas, ameaçam gravemente a estabilidade hemisférica e colocam em risco os direitos humanos do povo venezuelano e da região", concluiu.
- O aumento da presença militar dos Estados Unidos no Caribe sul provocou uma nova escalada de tensões entre Washington e Caracas. Segundo denúncia de Maduro, oito destróieres, 1.200 mísseis e um submarino nuclear estariam apontados diretamente para a Venezuela. No sábado, 13 de setembro, cinco caças F-35 chegaram a Porto Rico, se somando ao que a Casa Branca chama de operação contra cartéis.
- No dia 12 de setembro, forças militares americanas entraram na Zona Econômica Exclusiva da Venezuela e abordaram uma embarcação de pesca. A tripulação ficou detida por várias horas, e Caracas classificou a ação como uma manobra "ilegal".
- Enquanto isso, os fuzileiros navais em Porto Rico realizaram, em 18 de setembro, um exercício simulando um desembarque anfíbio. Além disso, Washington reabriu a Estação Naval Roosevelt Roads, uma base de cerca de 15,8 km localizada em território porto-riquenho, que estava fechada desde 2004.