
Lula descarta anistia a Bolsonaro: 'Essas pessoas articularam a minha morte'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que vetará a proposta de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso o Congresso aprove o projeto em discussão. A declaração foi dada em entrevista à BBC News nesta quarta-feira (17), no Palácio da Alvorada.

"Se viesse pra eu vetar, pode ficar certo de que eu vetaria. Pode ficar certo que eu vetaria", disse Lula.
Segundo ele, Bolsonaro e outros condenados por tentativa de golpe de Estado em 2022 causaram danos graves ao país. Lula afirmou não ter comemorado a pena de 27 anos e 3 meses imposta pelo STF a Bolsonaro, mas destacou os ataques ao Estado democrático de direito.
"Essas pessoas fizeram muito mal ao país. Essas pessoas tentaram dar um golpe de Estado. Essas pessoas articularam a minha morte, a morte do meu vice, a morte de um juiz da Suprema Corte. Esta gente preparou uma bomba para explodir no aeroporto de Brasília. Essa gente fez muita desordem no Brasil na perspectiva de evitar a minha posse. Eles estão sendo julgados pelas provas", declarou.
"Não há relacionamento" com Trump
Sobre Donald Trump, presidente dos EUA, Lula criticou as tarifas impostas a produtos brasileiros nos últimos meses e disse não ter qualquer relação próxima com o republicano.
"(Trump) não se comunicou de maneira civilizada. Ele apenas as publicou [as tarifas] em seu portal — nas redes sociais", afirmou, acrescentando que soube das medidas pela imprensa brasileira.
Lula também rebateu a fala de Trump de que estaria disponível para receber uma ligação "a qualquer momento". Disse que não buscou contato porque o norte-americano "nunca quis conversar".
Relação de Trump "é com Bolsonaro, não com Brasil"
O presidente afirmou ainda que Trump mantém boa relação com Bolsonaro, mas não age em favor do Brasil. Segundo ele, a interlocução correta deve ocorrer diretamente entre os atuais chefes de Estado.
"Se o Trump foi eleito pelo povo americano, ele é o presidente dos Estados Unidos e é com ele que eu tenho que ter relações. E ele da mesma forma comigo. Ele pode ter uma simpatia pelo Bolsonaro, mas eu sou o presidente. Ele tem que negociar com o Brasil. É assim que dois chefes de Estado se comportam", disse.
Em 2024, às vésperas das eleições presidenciais americanas, Lula afirmou que a candidatura de Trump representava "o fascismo e o nazismo" voltando ao cenário político.
Questionado duas vezes sobre um eventual arrependimento, o presidente não respondeu e acrescentou que "o comportamento dele (Trump) é muito ruim para a democracia".

