Notícias

Venezuela desmantela operação de 'bandeira falsa' dos EUA

As autoridades do país sul-americano interceptaram uma pequena embarcação com 3.680 kg de cocaína.
Venezuela desmantela operação de 'bandeira falsa' dos EUAProbal Rashid

O ministro das Relações Internas da Venezuela, Diosdado Cabello, informou nesta quarta-feira (17) sobre o desmantelamento de uma operação de "bandeira falsa", que estaria a cargo da Administração de Controle de Drogas (DEA, em sigla inglês), para vincular o país sul-americano ao tráfico de drogas.

Em coletiva de imprensa, Cabello informou que as autoridades venezuelanas realizaram uma operação na qual apreenderam 3.680 kg de cocaína que estavam a bordo de uma lancha com quatro tripulantes, que foram capturados.

Cabello afirmou que, durante a operação, os membros da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), que tinham informações prévias dos serviços de inteligência, esperaram por 20 horas pela passagem de uma pequena embarcação proveniente do departamento colombiano de La Guajira.

O vice-presidente setorial de Política, Segurança Cidadã e Paz explicou que foram feitas todas as chamadas para que os tripulantes parassem, cumprindo os protocolos para interceptação de embarcações carregando drogas, e que, finalmente, "ao se verem cercados, se renderam".

"Quem é o dono dessa droga?"

Cabello afirmou que esta operação antidrogas "tem sua história". "Quem é o dono dessa droga?", perguntou ele, afirmando: "O operador da droga é um senhor chamado Levi Enrique López Batis".

"Vou dizer isso com conhecimento de causa e para que fique bem claro: Levi Enrique López Batis é um agente da DEA, um narcotraficante, e contra a Venezuela isso seria parte de uma operação de bandeira falsa".

O ministro das Relações Internas acrescentou que quatro pessoas foram detidas nesta operação e acrescentou que era "estranho" que os "quatro cidadãos tivessem seus documentos venezuelanos prontos para serem entregues".

"Aquela lancha com drogas era uma operação de bandeira falsa da DEA para acusar a Venezuela, quatro detidos com carteira de identidade venezuelana iriam sair. Isso é o que eles estão dizendo", disse Cabello.

Em sua opinião, a operação frustrada pelas autoridades venezuelanas busca "acusar a Venezuela de qualquer barbaridade, que pratica constantemente o maior cartel de drogas do mundo, que é a DEA".

"Esta é a prova"

Entre o material apreendido encontram-se 100 sacos de cloridrato de cocaína, uma embarcação do tipo 'Go fast' com quatro motores fora de borda, um telefone por satélite, dois smartphones, dois radiotransmissores, um GPS e 2.400 litros de combustível em 28 galões.

"Esta é a prova", afirmou Cabello. "É assim que se faz uma operação quando se quer demonstrar um fato, não bombardeamos uma embarcação", disse ele, referindo-se à suposta destruição de três barcos, atribuída à Venezuela, sem provas, por parte dos militares americanos como parte de sua mobilização "para combater o narcotráfico" no Caribe.

Em sua aparição diante da mídia, o vice-presidente setorial mostrou um vídeo onde se observa a perseguição da lancha, a atuação dos militares venezuelanos, a interceptação e a droga apreendida.

"Não há nenhuma mentira. Procedimento, provas, responsáveis capturados sob a ordem das autoridades. Neste caso, dos tribunais competentes e do Ministério Público", afirmou.

"Não é lucrativo transportar drogas pela Venezuela"

Cabello confirmou os números do relatório do Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (UNODC), que estabelece que 87% das drogas produzidas na Colômbia saem pelo Pacífico e apenas 5% passam pelo Caribe.

Na coletiva de imprensa, ele mostrou um mapa onde se observa a rota utilizada pela lancha de narcotraficantes que partiu de La Guajira, na Colômbia, passou pela península de Paraguaná, no estado venezuelano de Falcón, e foi interceptada perto do porto de Cumarebo, na costa desse estado, com saída para o mar do Caribe.

"Se o motivo fosse o combate ao narcotráfico, eles estariam no Pacífico", disse ele, referindo-se ao envio de tropas americanas para o Caribe, e lembrou que, segundo a ONU, apenas 5% das drogas passam pela costa caribenha.

"Não é vantajoso para eles trazerem suas drogas por aqui, provavelmente é vantajoso para aqueles que querem entregar o território venezuelano para que este seja uma rota de livre trânsito de drogas. Por aqui eles não vão passar, estamos combatendo-os", disse referindo-se às 60 toneladas de drogas que foram apreendidas no país sul-americano neste ano.

Não há entrada de fentanil na Venezuela

"Uma operação limpa, clara, transparente e com resultados", reiterou e questionou as informações de Trump sobre o tráfico de fentanil na última embarcação destruída, atribuída à Venezuela, onde supostamente três pessoas foram mortas.

Diante das autoridades de segurança do Estado, Cabello perguntou: "Alguma vez foi capturado fentanil aqui?", ao que todos responderam negativamente.

O ministro das Relações Internas questionou que, enquanto, segundo especialistas, a operação militar dos Estados Unidos no Caribe custa mais de 10 milhões de dólares por dia, um envelope com duas doses do medicamento naloxona, que serve para prevenir a morte por opioides, vale cerca de 45 dólares. "Quantos desses poderiam ser comprados com o exagerado envio de tropas para o Caribe?", questionou.