Em prisão domiciliar, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), timidamente reconhecendo que pode abrir mão de reverter sua inelegibilidade, sinalizou à sua base no Congresso que negociem uma anistia penal que inclua a si mesmo e outros sentenciados por eventos de 8 de janeiro, como reportado pela Folha de São Paulo nesta quarta-feira (17).
A proposta do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), é a mais extensa até agora e engloba uma anistia eleitoral e todos os delitos cometidos desde o início do inquérito das fake news em 2019.
Por outro lado, o centrão mostra resistência a uma anistia abrangente e tais aspectos, particularmente a anistia eleitoral, têm sido discutidos por aliados do ex-presidente como uma forma de margem para negociações.
Apoiadores do ex-presidente mencionam que uma proposta alternativa de lei, como sugerido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que sugere redução de penas, não seria suficiente, pois não incluiria especificamente Bolsonaro, que, sem a anistia eleitoral, está inelegível até 2060.
Momento crucial para aprovação da anistia
A segunda metade de setembro é considerada o início de uma fase crucial para que os aliados de Bolsonaro na Câmara possam aprovar a anistia ou pelo menos encaminhar a sua aprovação até o fim do ano legislativo, que se encerra em 22 de dezembro.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou a líderes partidários que a pressão para que avance com o projeto cresceu após a condenação de Bolsonaro e que pautará com urgência o projeto de lei que concede anistia aos condenados pelo 8 de janeiro apesar de indicar a interlocutores do governo que não é a favor de uma anistia abrangente e sem restrições.