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'Isso é assassinato': presidente da Colômbia denuncia novo ataque dos EUA no Caribe

Gustavo Petro declarou que Washington "está assassinando latino-americanos em seu próprio território".
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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, classificou como "assassinato" o ataque dos EUA a mais um alegado barco de narcotrafricantes no Mar do Caribe, anunciado na segunda-feira (15) por Donald Trump, que, segundo dados preliminares, matou três pessoas.

"Acabaram de destruir outra lancha com três pessoas. [...] Matar com um míssil três passageiros de uma lancha desarmada e não blindada é um assassinato, e o governo dos EUA está assassinando latino-americanos em seu próprio território, porque é mar territorial, não tem o direito", afirmou.

Petro defendeu que a luta contra as drogas deve ser tratada como uma questão de saúde pública, e não por prisões ou ações militares. Segundo ele, desde que o então presidente dos EUA, Richard Nixon, declarou a "guerra às drogas" em 1971, cerca de um milhão de latino-americanos morreram.

O presidente colombiano também destacou que os EUA não conseguem reduzir o consumo de fentanil, enquanto a Colômbia demonstra eficácia no combate ao tráfico, com apreensões recordes e, segundo ele, "uma excelente inteligência".

Assalto ilegal

O anúncio de Trump ocorreu após um barco pesqueiro venezuelano ter sido interceptado por um destróier dos EUA durante o fim de semana, na Zona Econômica Exclusiva da Venezuela, no sul do Caribe. Os tripulantes ficaram detidos por mais de oito horas, em um episódio classificado por Caracas como um "assalto ilegal".

"Mentiras puras"

Donald Trump publicou em suas redes sociais um vídeo de um novo ataque contra supostos "narcoterroristas da Venezuela". "Sob minhas ordens, as Forças Armadas dos EUA realizaram um segundo ataque cinético contra cartéis de narcotráfico e narcoterroristas, identificados positivamente e extremamente violentos, na área de responsabilidade do Comando Sul", escreveu no Truth Social.

Horas antes, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, criticou a divulgação do vídeo do primeiro ataque, que deixou 11 mortos. "Foi muito grave que eles tenham fornecido um vídeo ao presidente dos EUA em uma coletiva de imprensa e o publicado em sua conta no Truth Social sem verificar os dados", disse, acrescentando que o vídeo "merece uma investigação ao mais alto nível" por parte da Casa Branca.

Maduro afirmou que as comunicações entre Caracas e Washington "estão interrompidas" e classificou as acusações de cumplicidade com o narcotráfico como "mentiras puras", destinadas a "fabricar um caso que justifique uma escalada, um incidente militar e um ataque criminoso contra a Venezuela".

O presidente venezuelano também denunciou a movimentação militar incomum dos EUA no sul do Caribe, iniciada em agosto, como "uma agressão militar em andamento".