O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou nesta segunda-feira (15), em cadeia nacional, o projeto de lei orçamentária para 2026. A proposta reforça a meta de "déficit zero" como eixo central do programa econômico do governo.
"Equilíbrio fiscal é um princípio inegociável", afirmou o presidente ao apresentar o plano, que deverá orientar a arrecadação e os gastos do Estado no próximo ano. A nova proposta orçamentária, chamada por Milei de "lei das leis", inclui projeções para áreas como saúde, educação, previdência, segurança e justiça.
Sem maioria nas duas casas do Congresso, a Casa Rosada não tem aprovação garantida e busca articulação com outras forças políticas para tentar avançar com o texto. O projeto chega em um momento de fragilidade política, após a derrota nas eleições legislativas da província de Buenos Aires, e sob pressão popular crescente.
"Mais além do sucesso da nossa gestão, entendemos que muitos não o percebam em sua realidade", disse Milei. "O pior já passou", completou, ao defender as medidas de austeridade aplicadas desde o início do mandato.
Segundo o presidente, o país corre riscos caso o plano fiscal seja abandonado. "O futuro da Argentina depende de que o povo e a política se comprometam com o equilíbrio fiscal", declarou. "Se falharmos, voltaremos a cair no poço da inflação descontrolada e da destruição de toda expectativa no país", alertou.
A inflação mensal desacelerou para 1,9% em agosto, mas o índice acumulado em 12 meses segue acima de 30%, corroendo salários e impactando o consumo.
Segundo Milei, o Executivo afirma que as reformas permitiram retirar 12 milhões de pessoas da pobreza. Críticos, no entanto, apontam que os dados divulgados desconsideram custos essenciais, como aluguel, e que a vulnerabilidade social ainda é ampla.
Parlamentares da oposição, sindicatos e organizações sociais contestam os cortes promovidos pelo governo, especialmente nas áreas da saúde, educação e infraestrutura. Nas últimas semanas, os protestos se intensificaram em diversas cidades do país.
O cenário econômico também pressiona o Executivo. O dólar segue em alta, as reservas cambiais diminuem e o peso argentino enfrenta volatilidade constante.
Investidores aguardam sinais mais claros sobre o plano de gestão da dívida e a continuidade da parceria com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que já expressou apoio à agenda de Milei.