Venezuela exige explicações dos EUA por ações militares contra barco pesqueiro e lancha no Caribe

Maduro critica operação com marines contra pescadores e responsabiliza Trump por vídeo com mortos.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, voltou a denunciar nesta segunda-feira (15) as ações militares dos Estados Unidos em águas do Caribe e cobrou explicações formais de Washington.

O mandatário classificou como hostis dois episódios recentes: a interceptação de um barco pesqueiro venezuelano por um destróier norte-americano e o ataque contra uma suposta lancha com drogas, que resultou na morte de 11 pessoas.

Durante entrevista a meios de comunicação internacionais, Maduro condenou a abordagem à embarcação pesqueira, realizada por marines fortemente armados da Marinha dos Estados Unidos. Segundo ele, o barco foi "ameaçado por rádio, abordado e revistado", enquanto navegava na Zona Econômica Exclusiva da Venezuela.

"Isso é um bochorno [vergonha pública] para a honra militar [...] um navio 'destróier' com mísseis, com 380 profissionais de alto nível, que estudam por anos, enviados em dois botes com armas pesadas para revistar um barco de pescadores de atum e pargo", declarou.

Os tripulantes permaneceram detidos por mais de oito horas e foram liberados após a mediação de autoridades venezuelanas.

O presidente venezuelano elogiou a postura dos pescadores diante da abordagem e questionou a origem da ordem para a operação: "O que buscavam? Atum, um quilo de pargo? Quem deu a ordem em Washington para que um destróier com mísseis mandasse 18 marines a amedrontar um grupo de pescadores em alto-mar? Quem deu a ordem?", insistiu.

No mesmo pronunciamento, Maduro também cobrou explicações sobre o bombardeio dos Estados Unidos contra uma lancha suspeita, episódio divulgado em vídeo pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o líder venezuelano, a informação publicada não foi verificada.

"O primeiro que tem que investigar é o próprio presidente dos Estados Unidos. O presidente dos Estados Unidos tem que ordenar uma investigação, dirigida por ele, sobre quem lhe entregou aquele vídeo. Porque foi muito grave que entregaram ao presidente dos Estados Unidos, numa coletiva de imprensa, um vídeo, e ele publicou na sua conta do Truth Social sem verificar os dados", afirmou.

Maduro acusou ainda o círculo próximo de Trump de ter atribuído declarações precipitadas ao mandatário. "Colocaram palavras muito fortes na boca do presidente. Ele foi o único que anunciou que haviam 11 mortos. Mais ninguém anunciou isso, nenhum organismo dos Estados Unidos afirmou que houve 11 mortos ali", afirmou.