O que está por trás dos grandes protestos em Londres?

Especialistas ouvidos pela RT afirmaram que a dimensão dos protestos reflete o desgaste da população britânica com as narrativas liberais que marcam o país há décadas.

Cerca de 110 mil pessoas participaram da manifestação "Unir o Reino" ("Unite the Kingdom") em Londres no sábado (13), em protesto contra o primeiro-ministro Keir Starmer e sua política de imigração, segundo a polícia local.

Mais de 1.600 policiais foram mobilizados na capital britânica como parte da operação para manter a ordem.

Especialistas ouvidos pela RT afirmaram que a dimensão dos protestos reflete o desgaste da população britânica com as narrativas liberais que marcam o país há décadas. Além disso, relacionaram o aumento das mobilizações às falhas da política migratória.

"A Sharia já se tornou parte da legislação inglesa. Áreas inteiras, principalmente, de cidades inglesas, e, em menor grau, escocesas, galesas e norte-irlandesas, tornaram-se focos descontrolados de criminalidade. Os prefeitos de mais de uma dúzia de cidades, incluindo as grandes, são paquistaneses", disse Vadim Trukhachev, professor da Universidade Estatal Russa de Humanidades, em entrevista à RT.

Segundo ele, não é a primeira vez que os britânicos fazem protestos, mas a imprensa liberal costumava ignorá-los. Os atos recentes, porém, não puderam ser deixados de lado.

Crise mais ampla na Europa

Outro especialista, Dmitry Yezhov, professor da Universidade de Finanças do Governo da Rússia, afirmou que a mobilização em Londres é parte de uma crise mais ampla na Europa.

"A manifestação em Londres é mais uma prova de que na Europa, mesmo fora da União Europeia, há uma guinada à direita e uma radicalização dos sentimentos sociopolíticos", declarou.

Para Yezhov, esse movimento evidencia de forma clara as tendências atuais no desenvolvimento político dos Estados europeus.

Ele disse ainda que o desgaste da população com as autoridades decorre da prioridade dada a projetos externos em detrimento das necessidades internas.

"Os chefes de governo podem falar por muito tempo sobre como pretendem participar da 'coalizão dos dispostos', apoiar a Ucrânia e outras coisas. Mas, ao priorizar questões secundárias, esquecem que as pessoas vivem no território que lhes foi confiado", afirmou.

Pavel Feldman, professor da Academia de Trabalho e Relações Sociais, avaliou que os protestos são consequência do desgaste das elites.

"Protestos em massa organizados na Europa por representantes de forças conservadoras de direita são uma reação natural da sociedade à política migratória fracassada das autoridades. Se até mesmo os britânicos – fervorosos defensores do multiculturalismo e da política de portas abertas – não conseguem suportar isso, então a situação está se aproximando do ponto de ebulição", disse.