A Venezuela denunciou neste sábado (13) a interceptação e a ocupação "ilegal" de um barco de pescadores por parte de um destróier da Marinha dos EUA na ilha La Blanquilla, em águas da Zona Econômica Exclusiva venezuelana. Segundo o comunicado, a ação aconteceu na sexta-feira (11) e durou 8 horas.
"O navio de guerra deslocou dezoito militares com armas longas que abordaram e ocuparam a pequena e inofensiva embarcação durante oito horas", detalhou o Ministério das Relações Exteriores.
Conforme explicado pela chancelaria, o barco venezuelano, "tripulado por nove humildes pescadores", foi "interceptado de maneira ilegal e hostil por um contratorpedeiro da Marinha dos Estados Unidos, o USS Jason Dunham (DDG-109), equipado com potentes mísseis de cruzeiro e tripulado por fuzileiros navais altamente treinados".
Na avaliação de Caracas, a ação é uma provocação visando justificar "uma escalada bélica no Caribe, com o objetivo de insistir em sua política fracassada e rejeitada pelo próprio povo dos EUA".
O governo venezuelano também informou que, em cumprimento de seu dever constitucional, a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) "monitorou e registrou o incidente minuto a minuto" até a liberação dos pescadores, "demonstrando a plena capacidade da Venezuela para vigiar, dissuadir e responder ante qualquer ameaça".
"O Governo da Venezuela exige ao Governo dos EUA que cesse imediatamente estas ações que colocam em risco a segurança e a paz do Caribe, ao mesmo tempo que faz um chamado ao povo estadunidense para reconhecer a gravidade destas manobras e a rejeitar a utilização de seus soldados como peças de sacrifício para sustentar os desejos de uma elite predatória", lê-se em um trecho do comunicado.
Histórico das tensões entre Washington e Caracas
- Em agosto, meios de comunicação internacionais revelaram um deslocamento militar estadunidense no Caribe sul para, supostamente, enfrentar cartéis de drogas. Em meio aos acontecimentos, a procuradora-geral dos EUA, Pamela Bondi, dobrou a recompensa por informações que levassem à prisão do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sob a acusação infundada de liderar um "cartel de narcotráfico".
- Caracas denuncia que as manobras têm o objetivo de forçar uma mudança política e a se apoderar dos recursos naturais que o país latino-americano possui, como o petróleo.
- Em resposta à movimentação norte-americana, Maduro convocou o alistamento voluntário na Milícia Bolivariana para a defesa da soberania da nação.
- Apesar do aumento das tensões, o presidente venezuelano se mostrou aberto ao diálogo com o mandatário dos EUA, Donald Trump.
- Na semana passada, o Pentágono afirmou que dois aviões militares venezuelanos haviam sobrevoado uma área "perto de um navio da Marinha dos EUA em águas internacionais", o que classificou como um movimento "provocador" para interferir com suas "operações contra o narcoterrorismo" na região.
- Posteriormente, Trump ameaçou derrubar aviões militares venezuelanos, se colocassem os EUA "em uma posição perigosa".
- Enquanto isso, Maduro declarou que o país ingressará em uma luta armada se for alvo de agressão e afirmou que Washington "deve abandonar seu plano de uma mudança violenta de regime na Venezuela e em toda a América Latina e no Caribe".