A principal agência de inteligência de Israel, o Mossad, decidiu não executar uma operação terrestre planejada para eliminar líderes do Hamas em Doha, informou o jornal The Washington Post nesta sexta-feira (12), citando duas fontes em condições de anonimato. O receio da agência era que a ação prejudicasse as relações recentemente construídas com o Catar, comprometendo negociações em busca de um cessar-fogo com o grupo palestino.
O diretor do Mossad, David Barnea, teria sido o responsável pela decisão de suspender o ataque. Fontes indicam que essa decisão pode ter influenciado Tel Aviv a optar, posteriormente, pelo ataque aéreo de terça-feira (9) contra a capital catari.
Embora o Mossad reconheça a importância de neutralizar os chefes do Hamas, a agência aguardava a conclusão das reuniões entre o grupo e autoridades do Catar, aliado dos Estados Unidos. Durante essas negociações, havia a possibilidade de que fosse apresentada do presidente Donald Trump para a libertação de reféns israelenses mantidos em Gaza, em troca de um cessar-fogo na região.
Um membro do setor de inteligência israelense, familiarizado com as divergências internas no Mossad e citado pelo veículo, questionou a escolha do momento feita pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que ordenou os ataques:
"O Mossad tem capacidade de atingir os líderes do Hamas em qualquer lugar do mundo, seja daqui a um, dois ou quatro anos. Então fica a pergunta: por que agir agora?"
Além de Barnea, o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, Tenente-General Eyal Zamir, também se manifestou contra a operação, recomendando que Netanyahu aceitasse um acordo de cessar-fogo.
O ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e o ministro da Defesa, Israel Katz, por outro lado, saíram em defesa da decisão do primeiro-ministro de prosseguir com a ação, segundo relato de uma fonte israelense próxima aos acontecimentos.