Uma das principais agências de risco do mundo rebaixa nota da França em meio à crise política

A Fitch justificou sua decisão apontando para a ''crescente fragmentação e polarização'' na política interna francesa.

A agência de classificação de risco Fitch Ratings, uma das três maiores do mundo, rebaixou nesta sexta-feira (12) a nota de crédito internacional de longo prazo em moeda estrangeira da França de 'AA-' para 'A+'.

A decisão se baseia em fatores econômicos e políticos que, em conjunto, indicam um enfraquecimento da capacidade do país europeu de manter suas finanças públicas sustentáveis a longo prazo.

Segundo a Fitch, a dívida pública francesa deve aumentar de 113,2% do PIB em 2024 para 121% em 2027. O índice já equivale a mais que o dobro da média dos países avaliados com nota "A", e a tendência de alta limita a resposta do Estado a futuras crises econômicas sem pressionar ainda mais as contas.

O relatório destaca que a instabilidade política complica a implementação de reformas fiscais estruturais, o que atrasa a meta de reduzir o déficit público para menos de 3% do PIB até 2029.

Desde as eleições legislativas antecipadas de 2024, a França teve três governos diferentes. "A derrota do governo em um voto de confiança ilustra a crescente fragmentação e polarização da política interna", informou a Fitch.

A França enfrenta ainda limitações estruturais: a carga tributária é elevada (45,6% do PIB, a maior da União Europeia) e os gastos sociais altos (32% do PIB). Tentativas anteriores de reduzir esses custos tiveram pouco sucesso, enfrentando forte resistência social.

Apesar de uma economia ampla e diversificada e instituições sólidas, o potencial de crescimento do país é limitado. A Fitch projeta crescimento real do PIB de 0,6% em 2025, aumentando gradualmente para 1,2% em 2027, indicando um cenário de atividade econômica lenta no longo prazo.

Caso um novo orçamento não seja aprovado até o fim do ano, o país poderá entrar em regime de restrição de gastos, conhecido como "votos de serviços".

Mesmo diante desses desafios fiscais e políticos, a França mantém saldo em conta corrente praticamente equilibrado e boa reputação internacional, garantindo acesso a financiamento em condições favoráveis. No entanto, esses fatores não compensam totalmente os crescentes riscos fiscais.