O gabinete da presidência do Nepal confirmou nesta sexta-feira a nomeação de Sushila Karki, ex-presidente da Suprema Corte, como primeira-ministra interina do país, informou a agência Reuters. Aos 73 anos, Karki substituirá K.P. Sharma Oli, que renunciou ao cargo em meio a uma crise política com protestos de grandes proporções.
O gabinete do presidente nepalês, Ramchandra Paudel, anunciou a nomeação de Karki após negociações com autoridades do Exército e líderes dos protestos, que por sua vez, conduziram uma votação interna através da plataforma Discord, segundo a imprensa regional.
Ainda não foi definido se haverá eleições para a escolha definitiva de um chefe de governo ou se Karki permanecerá no cargo durante todo o período de transição.
Na semana passada, o governo bloqueou diversas plataformas de mídia social não registradas legalmente no Ministério das Comunicações e Tecnologia da Informação. Entre elas estão Facebook*, Instagram*, X, YouTube, Reddit, LinkedIn, Snapchat, Pinterest e Rumble.
Na terça-feira (9), o governo do Nepal suspendeu a proibição das redes sociais, mas as manifestações continuaram.
A mobilização ganhou força e se transformou em uma onda de violência: manifestantes incendiaram prédios públicos, incluindo a sede do governo, o Parlamento, a Suprema Corte e residências de ministros. A polícia nepalesa, citada pela agência Reuters, informou que os confrontos deixaram pelo menos 51 mortos e mais de 1.300 feridos desde o início da semana.
Revolução colorida?
Em entrevista à RT, Kirill Kotkov, especialista em Ásia, afirmou que a crise no Nepal foi causada por profundos problemas socioeconômicos, e a proibição das redes sociais foi apenas o gatilho. Para ele, isso reflete uma nova tendência, na qual as clássicas "revoluções coloridas" estão se transformando em "revoluções da internet". Nesse cenário, o espaço online se torna o principal palco dos protestos.
Outros especialistas também ouvidos pela RT acreditam que ainda é cedo para tirar conclusões definitivas sobre a natureza de tais eventos, já que a nova composição do governo ainda não foi formada e os objetivos reais dos manifestantes permanecem obscuros. O futuro do Nepal depende de quais forças acabarão por liderar o movimento e quais soluções serão propostas.
Confira mais análises sobre a revolta no Nepal em nosso artigo.
*Classificada na Rússia como uma organização extremista, cujas redes sociais são proibidas em seu território.