
Lula promete luta contra anistia e diz que não teme sanções dos EUA por condenação de Bolsonaro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (11) que "vai trabalhar contra a anistia" aos condenados pelos atos do 8/1. A declaração foi concedida em entrevista ao Jornal da Band, gravada horas antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão no julgamento de golpe de Estado.
"O governo vai trabalhar contra a anistia. É importante você saber", disse Lula.
Apontando contradição, Lula afirmou que pedidos de anistia só fariam sentido após a definição das penas pelos magistrados e a condenação dos envolvidos:

"É muito estranho que os mesmos que estão dizendo que o ex-presidente não cometeu nenhum crime, ao invés de estarem defendendo a inocência do presidente, já estão tratando ele como condenado e pedindo anistia antes de ele ser julgado. Espera julgar o processo. O Congresso tem o direito de discutir a anistia quando quiser", disse Lula.
O presidente brasileiro também afirmou ter convicção de que Bolsonaro é culpado pelos crimes dos quais é acusado na Suprema Corte:
"Todo mundo viu o que ele [Bolsonaro] fez. Isso está escrito, está desenhado. Toda pessoa que comete um crime vai se defender dizendo que é inocente. Para provar que é inocente, precisa provar que não cometeu crime", afirmou.
Jair Bolsonaro responde aos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração do patrimônio tombado.
Novas sanções serão respondidas
Questionado sobre possíveis novas sanções dos Estados Unidos contra o Brasil, Lula afirmou não ter medo e criticou o presidente norte-americano, Donald Trump, por "interferir" na soberania de outro país.
"Não temo. É arrogância dele não querer que a Justiça brasileira julgue alguém que cometeu um crime. Um presidente de outro país não pode ficar interferindo nas decisões soberanas de outro país."
Segundo Lula, qualquer medida tomada por Washington contra Brasília será respondida na mesma medida.
"Se o presidente Trump morasse no Brasil e tivesse feito o que ele fez com o Capitólio, ele estaria sendo julgado aqui também. Aqui tem lei pra todo mundo", finalizou.

