TEMPO REAL: França é tomada por protestos contra governo Macron sob lema 'vamos bloquear tudo'

Os manifestantes saíram às ruas contra a austeridade fiscal do governo, com o objetivo de paralisar o país.

A França amanheceu sob fortes protestos nesta quarta-feira (10). Uma coalizão de grupos de esquerda convocou protestos sob o lema "Vamos bloquear tudo!", com o objetivo expresso de paralisar o país através da obstrução de vias de transporte e de serviços essenciais.

Em resposta à ameaça de que até 100 mil manifestantes possam participar dos atos antigovernamentais, o governo mobilizou um contingente de 80 mil policiais em todo o território nacional.

Os protestos são a face mais visível de um descontentamento popular crescente contra as políticas do presidente Emmanuel Macron, particularmente suas propostas de cortes nos gastos públicos. A crise de legitimidade se aprofundou na terça-feira (9) com a renúncia do primeiro-ministro, François Bayrou.

Macron nomeou o então ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, como novo chefe de governo. Apesar dessa mudança, a medida é vista por analistas como insuficiente para acalmar os ânimos, e o país parece entrar em um novo e perigoso ciclo de instabilidade.

10 set 2025 | 14:52 GMT

Em Bordeaux, cerca de 2.000 estudantes se reuniram para uma assembleia geral chamada Interfac após participarem de uma manifestação de 20.000 pessoas. A polícia teria inundado a praça com gás lacrimogêneo.

Um grande incêndio ocorreu em um restaurante parisiense durante protestos violentos, relata a Franceinfo.

A União dos Estudantes da França disse que, de acordo com o primeiro censo da união, 80.000 jovens se mobilizaram em todo o país hoje "para derrubar [o presidente Emmanuel] Macron e acabar com sua guerra social e racista".

Os programas da France Inter foram interrompidos por uma greve "contra a política de austeridade e o plano orçamentário", segundo a emissora.

Jornalistas e funcionários da France Inter responderam a um chamado de greve dos sindicatos.

Quase 30.000 manifestantes participaram da manifestação, segundo estimativas do governo divulgadas pela imprensa local.

O Ministério do Interior registrou 430 protestos, 273 comícios e 157 bloqueios, com um total de 29.000 pessoas em todo o país até esta manhã.

Cerca de 200 manifestantes marcharam pela Rua Victor Hugo, em Paris, queimando todos os contêineres de lixo que encontraram, informou a imprensa local.

Quatrocentos manifestantes, incluindo muitos ferroviários sindicalizados, invadiram o saguão de uma das estações de trem de Lyon para participar dos protestos. 

Em meio à fumaça de sinalizadores, cartazes e uma bandeira palestina, os manifestantes gritavam: "Estamos aqui!" "Renuncie Macron!". Uma faixa também foi vista com os dizeres: "Urinar no chuveiro é bom, mas cagar no capitalismo é melhor". 

Um vídeo foi compartilhado nas redes sociais mostra um policial atirando gás lacrimogêneo contra ciclistas sem motivo aparente.

Manifestantes em Estrasburgo foram perseguidos e atacados com gás lacrimogêneo pela polícia enquanto tentavam bloquear uma rodovia perto de Montagne Verte. Várias pessoas foram presas.

De acordo com estimativas preliminares do comando policial de Bouches-du-Rhône, cerca de 8.000 manifestantes concentram-se no centro da cidade de Marselha. A marcha começou na praça Les Réformés e agora atravessa a cidade.

Confrontos ocorrem do lado de fora do Ministério do Interior francês, em Paris.

Um ônibus foi incendiado sob a ponte Porte d'Alma, na cidade de Rennes, o que "potencialmente enfraqueceu" a infraestrutura, afirmou a Polícia Nacional, relatando diversos confrontos entre policiais e manifestantes.

O veículo estava preso em frente a uma barricada em chamas quando um grupo de ativistas subiu a bordo e ordenou que o motorista saísse. O ônibus estava vazio no momento do incêndio.

As autoridades francesas realizaram cerca de 50 "ações de bloqueio" em todo o país na manhã desta quarta-feira (10), em resposta ao chamado para protestos sob o lema "Vamos bloquear tudo", disse o Ministro do Interior em exercício, Bruno Retailleau.

De acordo com seus dados, 80.000 policiais estão mobilizados e quase 200 pessoas foram presas nesta manhã. Enquanto isso, a Prefeitura de Polícia de Paris informou que seus agentes realizaram 132 prisões na capital e arredores.

A situação está piorando no Instituto Hélène-Boucher, em Paris.

Em Paris, policiais espancaram manifestantes pacíficos, de acordo com vídeos que circulam nas redes sociais.

Pessoas protestam em frente à sede da Amazon nos arredores de Lille, no norte da França. A polícia está no local.

O número total de prisões na França subiu para pelo menos 105, de acordo com a polícia e a gendarmaria do país.

Em Marselha, cerca de 400 manifestantes marcharam esta manhã em direção à estação de trem Saint-Charles, a principal estação da cidade.

No departamento de Saboia, mais de cem bicicletas reduzem a velocidade do trânsito ao contornar rotatórias.

Em Lyon, as forças de segurança relatam um "grupo hostil de 200 a 300 indivíduos" tentando bloquear uma ponte.

Uma grande concentração de pessoas está próxima ao cais Victor-Augagneur.

Manifestantes conseguiram entrar nas vias de Rennes, segundo relatos da polícia. O trânsito foi interrompido e as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo.

As primeiras horas dos protestos na região de Paris resultaram em 95 prisões, de acordo com balanço divulgado pelas autoridades na manhã desta quarta-feira (10). O transporte público também sofreu algumas interrupções na capital.

As agências de segurança reforçaram as medidas de segurança em áreas da capital francesa onde estão localizadas importantes instituições estatais.