O primeiro-ministro da França, François Bayrou, apresentou nesta terça-feira (9) ao presidente do país, Emmanuel Macron, a renúncia de seu governo, depois que uma moção de confiança foi rejeitada na véspera pela Assembleia Nacional em sessão extraordinária convocada por ele mesmo.
A mídia local informou que Bayrou chegou às 13h30 (hora local) ao Palácio do Eliseu, de onde saiu pouco antes das 14h50 após se reunir com Macron, que se comprometeu a nomear o sucessor do primeiro-ministro "nos próximos dias".
Causa: cortes nos gastos públicos
A votação contra Bayrou ocorreu após a proposta de cortes nos gastos públicos que o primeiro-ministro considerava necessários para controlar o déficit estatal e a dívida pública da França.
Em meados de julho, Bayrou apresentou um projeto de orçamento para 2026 que previa reduções em áreas como seguridade social e meio ambiente, totalizando 44 bilhões de euros (cerca de R$280,56 bilhões), o que causou descontentamento em vários setores da sociedade.
O déficit da França atingiu 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no ano passado. Além disso, Paris enfrenta uma grave crise de endividamento público, que atingiu 3,346 trilhões de euros no final do primeiro trimestre de 2025, o que representa 113,9% do PIB.
Quem poderia suceder Bayrou?
Possíveis sucessores de Bayrou incluem o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, o ministro da Economia, Éric Lombard, o deputado do Partido Socialista, Olivier Fauré, e a ministra da Saúde e do Trabalho, Catherine Vautrin.
Como presidente, Macron continuará a ter poderes significativos sobre a política externa e os assuntos europeus, além de permanecer como o comandante-chefe das Forças Armadas do país. Mas, internamente, as ambições do presidente estão cada vez mais fadadas ao fracasso, relata a AP.
Em junho de 2024, o presidente decidiu dissolver a Assembleia Nacional, o que levou às eleições legislativas nas quais sua coalizão 'Juntos' conquistou apenas 168 cadeiras. O resultado foi uma fragmentação do poder legislativo, já que nenhum dos principais blocos políticos alcançou maioria absoluta.