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Lula denuncia deslocamentos militares dos EUA aos BRICS: 'incompatível' com a paz

A Venezuela saudou a fala do presidente brasileiro, realizada nesta segunda-feira durante a cúpula extraordinária do BRICS.
Lula denuncia deslocamentos militares dos EUA aos BRICS: 'incompatível' com a pazGettyimages.ru / Ton Molina

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, denunciou nesta segunda-feira (8), durante a cúpula virtual extraordinária do BRICS, o envio de forças militares dos EUA para o sul do mar do Caribe, próximo à costa da Venezuela.

Em sua fala, Lula destacou que "a América Latina e o Caribe fizeram a opção, desde 1968, por se tornar livres de armas nucleares", reforçando que há "quase 40 anos somos uma Zona de Paz e Cooperação". Nesse contexto, apontou que "a presença de forças armadas da maior potência do mundo no Mar do Caribe é fator de tensão incompatível com a vocação pacífica da região".

Na ocasião, o mandatário indicou a 80º Assembleia Geral das Nações Unidas, que ocorrerá neste mês de setembro, como uma oportunidade para defender um "multilateralismo renovado" no cenário internacional, mencionando a reforma do Conselho de Segurança da ONU "com membros permanentes e não-permanentes da América Latina, África e Ásia".

Participaram do encontro virtual desta segunda-feira os líderes de China, Rússia, África do Sul, Egito, Indonésia, Irã, além do príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, do chanceler da Índia e do vice-ministro das Relações Exteriores da Etiópia.

Venezuela agradece

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil Pinto, saudou as declarações de Lula, reafirmando "o status de América Latina e o Caribe como Zona Livre de Amas Nucleares desde 1967". O governo venezuelano também "aplaude o chamado" do presidente brasileiro para "revitalizar a multilateralidade" durante a próxima Assembleia Geral da ONU.

  • A fala ocorre em meio à escalada das tensões entre Washington e Caracas, após os EUA deslocarem navios de guerra e tropas militares para o sul do Caribe sob o pretexto de "combate ao narcotráfico".
  • Em resposta, o governo venezuelano mobilizou 25 mil soldados para defender as fronteiras do país e ampliar a vigilância da costa caribenha. Além disso, o presidente Nicolás Maduro citou dados da ONU para refutar as acusações de que seria conivente com cartéis de drogas, classificando-as como uma "mentira tão grosseira e falaciosa quanto a de que o Iraque possuía armas de destruição em massa".