O ministro da Defesa do Brasil, José Múcio, afirmou na última sexta-feira (5) que a crise entre Venezuela e Estados Unidos preocupa o governo brasileiro, especialmente pelos possíveis reflexos na fronteira norte.
Ele ressaltou que o deslocamento de tropas para a região já havia sido definido em 2024, antes da recente intensificação do conflito diplomático.
Segundo Múcio, a Operação Atlas foi planejada para este ano como parte das ações permanentes de defesa da fronteira.
"Nós estamos deslocando tropas para fronteiras, pensando na COP30, pensando em dar uma maior assistência a uma parte da fronteira mais inóspita, mais inacessível. De repente, estourou esse problema", disse após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro reforçou que os investimentos militares têm caráter defensivo. "Estamos preocupados, como eu disse, com a nossa fronteira, para que ela não sofra e não transforme a nossa fronteira numa trincheira. O Brasil é um país pacífico. Nós investimos em armas, nas nossas forças, para defender o nosso patrimônio. Não é de olho na terra de ninguém", declarou.
Ele ainda comparou a crise internacional a uma "briga de vizinho": "Eu não quero que eles mexam no meu muro. Eu não quero que eles tirem a fiação que acende a frente da minha casa, que não mexam na minha casa, torcemos para que passe".
O Brasil assinou nesta semana, junto com a maioria dos países da América Latina e Caribe, documento manifestando preocupação com a presença militar dos Estados Unidos na costa venezuelana.
Enquanto isso, Washington reforçou a presença militar no Caribe com navios, submarino e caças F-35, alegando combate ao narcotráfico. O presidente Nicolás Maduro rejeitou as acusações de ligação com o crime organizado e acusou os EUA de tentar uma "troca de regime".
Na última sexta-feira (5), Maduro comentou sobre um possível conflito. "Eu o respeito [Trump]. Nenhuma das diferenças que tivemos e continuamos a ter poderia levar a um conflito militar de grande impacto ou à violência na América do Sul. Não há justificativa para isso"
Na quinta-feira (4), o Pentágono acusou a Venezuela de sobrevoar aeronaves militares perto de um navio norte-americano em águas internacionais, classificando a ação como "altamente provocadora". Caracas não respondeu às acusações.